Emanuel Alencar – O Globo
RIO – A contaminação de um terreno do bairro Volta Grande IV, provocada pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em Volta Redonda, é gravíssima, com concentrações de elementos tóxicos e cancerígenos , como ascarel, cádmio e cromo, até 90 vezes acima do tolerável. A retirada de 750 moradores da área é medida inadiável, afirmou na manhã desta quinta-feira o secretário estadual do Ambiente, Carlos Minc. As informações foram anunciadas com base em relatório do Instituto Estadual do Ambiental (Inea). A siderúrgica deve ser multada pelo órgão ambiental em até R$ 50 milhões.
— Eles (CSN) estão há um ano sem nos informar o grau de contaminação de todo o terreno. Essa confirmação feita pelo Inea refere-se a apenas uma área. São 10 mil metros quadrados de poluentes, em níveis superficiais e profundos. Notificamos o Ministério Público e a Justiça em Volta Redonda. É um dos casos mais graves que eu já vi no estado. Essas 750 pessoas devem sair imediatamente da área, e têm o direito de serem indenizadas pela CSN. O governador Sérgio Cabral foi avisado ontem (quarta-feira). Precisamos, no entanto, de análises clínicas e epidemiológicas para aferir quantas pessoas estão contaminadas — disse o secretário.
Minc disse que já notificou o MP – autor da ação inicial que investigava os contaminantes – e a Justiça sobre a situação. O secretário cobrou ainda da CSN a remoção do lixo siderúrgico enterrado irregularmente, a indenização e a análise clínica dos moradores.
A grave contaminação do terreno já havia sido denunciada pelo GLOBO. Em reportagem publicada no dia 14 de setembro, a promotora Flávia Brandão, do Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente (Gaema), do Ministério Público estadual, pediu a retirada de 2.200 pessoas do bairro. De acordo com o MP, durante 13 anos a siderúrgica acumulou resíduos perigosos num terreno vizinho ao loteamento, transformando a região num barril de pólvora.
A área onde o conjunto Volta Grande IV foi construído serviu como depósito de resíduos siderúrgicos entre 1986 e 1999. O descarte do material prosseguiu até depois que o terreno foi doado, em 1995, ao Sindicato dos Metalúrgicos, dois anos após a privatização da CSN. O empreendimento Volta Grande IV foi financiado pela Caixa Econômica Federal.
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Enviada por Mayron Borges para Combate ao Racismo Ambiental.