Procissão movimenta 18 dioceses do Rio Grande do Sul. Lema deste ano foi “Terra, vida e cidadania, princípios do bem viver”
A 36ª edição da Romaria da Terra reuniu milhares de agricultores em Bento Gonçalves, no Rio Grande do Sul. A procissão movimentou 18 dioceses do Rio Grande do Sul e os jovens que fazem parte do trabalho no campo. Este ano, os romeiros pediram mais atenção para a agricultura familiar.
Mais de quinze mil romeiros de várias cidades do estado caminharam por cerca de três quilômetros. O lema deste ano foi “Terra, vida e cidadania, princípios do bem viver”. O evento ocorre desde 1978 em uma cidade gaúcha diferente.
Depois da caminhada, voluntários distribuíram 18 mil pãezinhos preparados pela comunidade de Barracão, na área rural de Bento Gonçalves. Outros produtos também simbolizaram a força da terra e do agricultor. Os romeiros puderam provar produtos produzidos na Serra Gaúcha. Também foram distribuídos 450 quilos de ameixa e três toneladas de uva.
“É importante mostrarmos o que fazemos. Nós queremos que haja uma sociedade com alimento saudável para todos, justiça e solidariedade. Isso é o que nós entendemos que deva acontecer”, diz Elton Weber, presidente da Federação do Trabalho na Agricultura no Rio Grande do Sul.
Governador do RS e ministro do Desenvolvimento Agrário participam da Romaria
O governador Tarso Genro, acompanhado do ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, participou nesta terça-feira (12) da Romaria da Terra. A Romaria foi um momento para debater as experiências concretas de agroecologia, partilha, economia solidária e preservação do planeta como lugar de convívio e de promoção da vida.
Para o governador Tarso Genro, a Romaria da Terra é um lugar de celebração, fraternidade, luta e produção, um elemento fundamental da cultura cívica e religiosa do Estado. “Nosso governo tem uma identidade profunda com os trabalhadores da terra, que são a motivação básica de tudo aquilo que queremos fazer para o povo da agricultura familiar deste Estado”. Conforme o governador, a política integrada e uma energia comum entre governo e sociedade é fundamental para que o Rio Grande do Sul seja exemplo de crescimento, de baixo para cima, do pequeno em direção aos médios e grandes produtores.
Tarso ressaltou o trabalho desenvolvido pelo governo neste setor, que vai desde o Vale Seca, qualificação dos assentamentos e políticas especificas de financiamento através do Plano Safra. “Nós vamos para o terceiro Plano Safra, o que nunca teve aqui no Estado, nossa identidade é absoluta com as políticas públicas para a agricultura familiar e reforma agrária”. Completou dizendo que é uma meta resolver a questão dos assentamentos no Estado até o final de seu governo.
Políticas públicas
O ministro Pepe Vargas destacou que a Romaria da Terra é sempre um momento importante de reflexão. “Este ano refletimos a agricultura familiar, que produz mais de 70% dos alimentos que são consumidos pelo povo brasileiro, que tem gente que povoa a terra, uma agricultura onde temos as principais experiências agroecológicas do nosso país”. O ministro disse ainda que a terra não é só um meio de produção, mas um modo de vida, a construção de uma cultura vinculada à vida de quem trabalha e produz na terra, e que na Romaria é possível discutir os desafios do campo e as políticas públicas para a agricultura familiar.
Segundo o vigário geral da Diocese de Caxias do Sul, padre Izidoro Bigolin, a Romaria celebra a caminhada do povo voltado para a agricultura, de modo especial o pequeno produtor. “A nossa região foi colonizada por pequenos agricultores e está em crescente desenvolvimento. Também celebramos a luta, os desafios, as incertezas do povo trabalhador da roça”. Para ele, a Romaria da Terra é a união entre o meio rural e urbano, já que envolve diversos segmentos que lutam pela vida. A romeira Terezinha Froder, de Arroio do Meio, contou que pela primeira vez participa da Romaria da Terra: “A caminhada, o acolhimento, a celebração é muito importante para todos, principalmente para o pessoal que trabalha com a terra, que vive da terra, nós precisamos da terra para tudo, sem produção não somos nada”, ressalta ela que pretende participar de outras edições da Romaria.
Novas práticas
O objetivo da Romaria é estimular as pessoas a assumirem novas práticas de vida que consolidem a preservação do meio ambiente e a defesa da vida, como não usar venenos e produzir alimentos saudáveis; ressaltar a importância da agricultura familiar e camponesa; produzir ecologicamente, adotar um consumo consciente e responsável; reciclar, cuidar das fontes e nascentes; construir cisternas e recuperar a mata ciliar.
A 1ª Romaria da Terra no Rio Grande do Sul aconteceu em memória do martírio de Sepé Tiaraju e seus companheiros índios, em 1978. Conforme a Brigada Militar mais de 15 mil pessoas participaram da 36ª edição da Romaria da Terra.
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