Bruno Bocchini – Agência Brasil
São Paulo – O Conselho Universitário da Universidade de São Paulo (USP) decidiu ontem (25) que irá aprofundar as discussões sobre a adoção de cotas raciais no ingresso de alunos a universidade. Houve acordo entre os membros do conselho em promover debates sobre o tema em todas as unidades de ensino da USP e um “grande seminário” com toda a comunidade universitária.
“Dentre as sugestões apresentadas pelos conselheiros e pelos convidados presentes à reunião, houve consenso quanto à promoção de amplo debate sobre inclusão social na USP nos órgãos centrais e nas unidades de ensino e pesquisa. Bem como, a realização de um grande seminário, em que a questão da inclusão social será discutida com maior profundidade e detalhamento com a comunidade universitária”, informou, em nota, a reitoria.
De acordo com o professor Luís Carlos dos Santos, ex-coordenador do Núcleo de Consciência Negra da USP, que participou da reunião do conselho, será feita uma consulta a todos os núcleos de pesquisa da universidade e a formulação de uma documentação para balizar o debate. “É importante que a universidade assuma o papel de vanguarda que teve em algum momento, parou em outros, e agora parece querer retomá-lo. A gente tomou consciência que o debate precisa ser travado com muita profundidade na universidade, que tem pouquíssimo conhecimento do que está acontecendo”, disse.
Para o diretor do Instituto de Química de São Carlos, Albérico Borges Ferreira da Silva, a reunião representou um avanço no debate sobre a adoção de cotas raciais na USP. “Foi a segunda reunião quando se discute a questão de cotas, e houve um avanço. A primeira foi só uma introdução, uma colocação em pauta. Hoje, trouxeram basicamente propostas, ouviu-se os dois lados. Pelo menos, o Conselho Universitário pôde ouvir de ambas as partes as posições. Ficou estabelecido que a reitoria vai formar uma comissão, que irá definir o andamento dos trabalhos”, declarou.
Adrian Fuentes, que comanda o Diretório Central dos Estudantes (DCE), participou da reunião e disse que o encontro serviu, ao menos, para colocar o assunto em debate entre os diretores. Segundo ele, pela primeira vez, a discussão sobre cotas não ficou restrita ao movimento estudantil e aos movimentos sociais.
“Foi um debate que foi incorporado por alguns dos diretores de unidades, não só pelo movimento estudantil e pelos movimentos sociais. Significa que a gente não está tão isolado. Foram aprovados alguns seminários e debates dentro da universidade, mas não de uma maneira clara e ampla como a gente gostaria”, disse.
*Edição: Aécio Amado
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