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1942 foi um ano estelar para a Música Popular Brasileira. Nei Lopes nasceu em maio; Gilberto Gil chegou em junho, Caetano Veloso em julho e no dia 12 de novembro, Paulinho da Viola. Senhores absolutos da sua história, cada um desses criadores chega aos 70 anos de idade expondo publicamente suas maneiras de pensar e construir o país. Neste contexto, Nei Lopes, na condição de primogênito, se destaca. Esta edição do Musicograma homenageia o artista e sua obra, verdadeiro retrato da memória carioca.
Foi na convivência familiar, nas festas realizadas no bairro e no contato com os tipos populares do subúrbio de Irajá que veio o interesse para a música. Não apenas a arte como entretenimento, mas como ação política, herança do pai, o pedreiro Luiz Brás Lopes, fundador do Grêmio Pau-Ferro. Foi a partir das atividades organizadas no grêmio, junto com os irmãos, que Nei ampliou sua vocação artística.
Nos anos 60 viveu entre as escolas de samba e as discussões acadêmicas na Faculdade Nacional de Direito, aprendendo a valorizar os contrastes presentes em toda a sua obra, onde o passado e o presente reclamam pontos de encontro e de diálogo. Esta estética, Nei Lopes levou tanto para o samba quanto para a literatura.
Em 1972, Alcione grava o samba Figa de Guiné, parceria de Nei Lopes e Reginaldo Bessa. Nasce o sambista. No mesmo ano, Nei visita o Senegal. O contato com as matrizes culturais africanas o aproxima mais do Brasil. Dois anos depois, Nei compartilha este sentimento com mais dois criadores da MPB: Wilson Moreira e Candeia.
Nei possui um olhar social inquieto, irônico e crítico. A partir dos anos 80 começou a dividir sua criação entre a música e a literatura, onde reflete sobre memória e identidade nos livros Incursões sobre a Pele e Casos Crioulos, entre outros. Os caminhos da pesquisa o levaram às obras-primas: Dicionário Banto do Brasil e Enciclopédia da Diáspora Africana no Brasil.
Compositor, cantor, escritor, pesquisador, advogado e administrador. Neste programa especial sobre a vida e a carreira de Nei Lopes, o público vai entender como ele é capaz de unir o rigor acadêmico à criatividade popular.