Festival da Mulher Afro-Latino-Americana e Caribenha acontece de 23 a 28 de julho, no Museu Nacional da República, toda com entrada franca. O Festival tem patrocínio da Secretaria de Estado de Cultura do GDF, Secretaria de Igualdade Racial, Funarte, Fundação Cultural Palmares e Petrobras. E é uma realização da Griô Produções.
Consolidado como o maior festival de mulheres negras da América Latina, o Latinidades, desde 2008, dá visibilidade ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha – 25 de julho –, fazendo convergir, num mesmo espaço e ao longo de seis dias, atividades formativas, de iniciativa do Estado e da Sociedade Civil, e ações culturais. No Brasil, o Dia Nacional da Mulher Negra foi sancionado em 2 de junho deste ano, pela presidenta Dilma Rousseff, por meio da Lei n. 12.987. A lei aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados teve sua publicação no Diário Oficial da União dia 3. A comissão aprovou também o PL 5371/09, que inclui, no calendário comemorativo nacional, o dia 25 de julho como Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha.
O Latinidades, a cada edição, promove as atividades de formação, palestras, debates e mesas redondas, que giram em torno de um tema central. O tema que vai reger todas as atividades desta 7ª Edição é “Griôs da Diáspora Negra”. Debatedores e palestrantes convidados, de esferas Civis e Governamentais, vindos de vários Estados brasileiros e também do exterior, irão apresentar, discutir e propor políticas públicas para a valorização de griôs* e a preservação da tradição oral, especificamente as transmitidas, de geração para geração, por mestras negras, que atuam nos diversos campos e linguagens.
Nesta Edição de 2014 do Latinidades, 19 palestrantes, das mais diversas áreas, participarão de quatro conferências e três palestras discutindo e apresentando temas ligados à saúde, sabedoria ancestral, política, sustentabilidade, igualdade racial, religião, vulnerabilidade da mulher negra e o enfrentamento ao racismo e ao sexismo. “O objetivo desta Edição é discutir e trabalhar pelo fortalecimento da imagem das mulheres negras, detentoras de saberes indispensáveis à construção de uma sociedade livre de desigualdades de raça, gênero/sexualidade, classe, geracional, territorial etc”, diz Jaqueline Fernandes, idealizadora e coordenadora do Festival. Ela, assim, sintetiza a temática deste ano: “É uma edição sobre herança, tradição e ancestralidade”.
O Latinidades é um projeto de escopo abrangente, que promove a interlocução com diversas redes, por meio de parcerias com organizações brasileiras e internacionais como Fundação Palmares, Ministério da Cultura, Sepir – Secretaria de Promoção da Igualdade Racial, UNFPA – Fundo da População das Nações Unidas e Secretaria Geral da Presidência da República. Nas seis edições anteriores, o Festival recebeu cerca de 300 palestrantes, entre eles Sueli Carneiro, Cida Bento, Conceição Evaristo, Presidente Lula, Makora Valdina, Creuza Oliveira e Leci Brandão.
As edições mais recentes do Festival obtiveram resultados e desdobramentos significativos: “Em 2010, foi muito importante a campanha que o Festival fez pela autodeclaração de pessoas negras no censo e também pudemos trazer os primeiros dados com recorte de gênero e raça à tona, graças à participação do IBGE em uma das mesas. Em 2011, o debate em torno da PEC das Trabalhadoras Domésticas foi muito importante para dar visibilidade à luta e à conquista que viria a seguir. Em 2012, o Festival reuniu diversas/os jovens em torno do tema juventude negra, ainda no berço do programa Juventude Viva. Em 2013, o tema políticas públicas para a cultura negra trouxe debate e articulação em torno de políticas e editais específicos para a cultura negra e para produtores negros”, recapitula e destaca Jaqueline Fernandes.
Programação
Este ano, entre 23 e 26 de julho, sempre com início às 10h da manhã, a 7ª Edição do Latinidades realiza ações de formação e fomento de políticas públicas, que incluem debates, conferências e oficinas, exibição de filme, lançamentos literários, Saraus e performance. As atividades reúnem num mesmo espaço, o Auditório Principal do Museu da República – com capacidade para 780 pessoas –, personalidades que são referência, no Brasil e no Mundo, e vozes ativistas no enfrentamento a desafios e em prol de políticas das mulheres negras.
Abrindo a programação do Festival, no dia 23 às 10h, quatro vozes da diáspora negra, Inaldete Pinheiro (PE), Nina Silva (RJ), Sulia Maribel Caicedo (Equador), e Shirley Campbell Barr (Costa Rica), lançam livros de suas autorias e conversam sobre literatura negra. No mesmo dia, às 15h, as atrizes Vera Lopes e Pâmela Amaro, com direção de Jessé Oliveira (RS), apresentam a performance Quadros. Fechando o dia, às 16h, as escritoras Ana Maria Gonçalves (BA), e Paulina Chiziane (Moçambique) apresentam a Conferência de Abertura – Diálogos Afro-Atlânticos.
O segundo dia tem programação extensa, começando com o painel “Sabedoria ancestral: memória, política e sustentabilidade”, às 10h, com a presença de representantes do Iphan e Fundação Palmares, Célia Maria Corsino (RJ), e Martha Rosa Queirós (PE), respectivamente, e também da educadora e escritora Heloísa Pires Lima. Às 14h acontece a oficina “História da Princesa Alafiá”, para o público infanto-juvenil. Uma Engenheira florestal, um turismólogo e uma atriz brasileiros e ainda a ativista equatoriana Inés Morales conversam sobre o racismo e meio ambiente no painel “Territórios Negros: fontes de sabedoria ancestral”, com início às 15h. Às 18h30, os presentes conferem à exibição do curta “O Dia de Jerusa”, de Viviane Ferreira.
Ainda no dia 24, acontece pela primeira vez no Brasil, a conferência da socióloga norte-americana Patricia Hill Collins. Autora de vários livros, a intelectual-ativista irá dialogar sobre os desafios da ação política das mulheres negras. Patricia vai discorrer sobre sociedades organizadas em sistemas de poder que articulam raça, gênero, sexualidade, classe, nacionalidade, argumentando que nesse cenário de desigualdades, as mulheres negras aparecem entre os mais vulnerabilizados.
Para o dia 25, o Latinidades reservou uma programação voltada para a saúde, religiosidade e cultura que se inicia às 9h30, com lavagem simbólica da área externa do Museu da República, convidando religiosos de matriz africana. Ainda pela manhã, a partir das 10h, acontece um painel com a sofisticada presença de uma psicóloga, uma benzedeira/ curandeira e um estudioso das religiões afro-brasileiras, pessoas com conhecimento ancestral que desempenham papel valioso na promoção da saúde no cotidiano, em especial em comunidades populares do país. À tarde haverá a conferência da senhora Jurema Werneck, médica e doutora em Comunicação e Cultura, também coordenadora da ONG Criola. Uma ativista carioca que instrumentaliza mulheres de todas as idades para o enfrentamento do racismo, sexismo e lesbofobia.
A Conferência Especial do dia estará na voz de luta contra o racismo no mundo de Angela Davis. Filósofa, escritora, professora e ativista negra, Angela Davis é uma das maiores referências dos Panteras Negras e das lutas contra o racismo. Está entre as ativistas políticas mais importantes dos Estados Unidos. Dona do black power mais famoso do mundo, estampado em camisas, músicas, bottons e corações que pulsam pela luta anti-racista, Angela segue ainda hoje sendo uma grande ativista e atua com veemência na luta contra a escravidão e o racismo no sistema prisional. Sem dúvida, um dos momentos mais esperados desta edição.
O 25 de julho no Latinidades, Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, também será um dia de eventos coletivos, com o lançamento de seis livros de autores brasileiros e estrangeiros. Todos acontecendo a partir das 17h. Às 21h, um grande encontro entre saraus reúne poetisas e poetas de vários grupos afro-brasileiros e também de outros países. Estão confirmados os saraus Cooperifa, Supernova, Sarauê, Blacktude, Quilombhoje, Sopapo Poético e Sarau da Kambinda.
Nas noites dos dias 26 e 27, o Festival ocupa a área externa do Complexo Cultural da República com a realização de grandes shows. A programação privilegia artistas engajados em formar plateia para a música preta, sem distinção de vertente, porém, que prezam pela qualidade e por estilos marcantes. Músicos, interpretes e compositores vindos dos Estados Unidos, Ilha de Guadalupe, São Paulo, Rio de Janeiro, Haiti, Pernambuco e, claro, de Brasília.
Entre os convidados, estão Elza Soares, Mart’nália, Naná Varconcelos, Diogo Nogueira, Hamilton de Holanda, Malika Tirolien, Fabiana Cozza, Ellen Oléria, Marabeau Jazz, Indiana Nomma, Alissa Sanders, Vox Sambou, Cris Pereira e outros. Verdadeiras excelências da música nacional e internacional que irão mostrar, ao longo de 13 horas, distribuídas nas duas noites de shows, a mais fina black music nas batidas e levadas do samba, jazz, soul, funk, bossa-nova, coco e muito mais.
O 7º Latinidades se despede no dia 28, segunda-feira, com um grande almoço de confraternização e o plantio de Baobás, ainda em local a ser definido, com a orientação do turismólogo e especialista nesta espécie de árvore, Fernando Batista. Os pés de Baobás serão cuidados, regados e monitorados contra pragas pela produção do Festival ao longo dos seus quatro primeiros anos de vida. Depois, irão compor o paisagismo de Brasília, a Cidade Parque.
*Griô é um abrasileiramento do termo Griot, que define o universo da tradição oral africana. É uma corruptela de “Creole”, ou seja, Crioulo – a língua geral dos negros na diáspora africana.
SERVIÇO:
Programação formativa
Local: Auditório principal do Museu Nacional da República.
Capacidade: 780 pessoas
Programação musical
Local: Área externa do Museu Nacional da República
Capacidade: 15 mil pessoas
Todas as ações e atividades do Festival são gratuitas: para mais informações, acesse AQUI.
23 de julho – Quarta-feira
9h30 – Abertura: Saudação à ancestralidade
10h – Letras e Vozes da Diáspora Negra
Inaldete Pinheiro (PE) – Literatura negra infanto-juvenil
Nina Silva (RJ) – Literatura feminina negra e erotismo
Shirley Campbell Barr (Costa Rica) – Literatura feminina negra em Costa Rica e na Diáspora
Sulia Maribel Caicedo (Equador) – Literatura afro-equatoriana
Mediação: Raíssa Gomes
15h – Performance Quadros, em comemoração ao Centenário de Carolina Maria de Jesus
Atrizes: Vera Lopes e Pâmela Amaro, Direção: Jessé Oliveira (RS)
16h – Conferência de Abertura – Diálogos Afro-Atlânticos
Ana Maria Gonçalves (escritora, MG/BA) ? À força e a fórceps: Mulher negra
Paulina Chiziane (escritora, Moçambique) – A identidade africana e as religiões mundiais
Mediação: Ana Flávia Magalhães Pinto.
24 de julho – quinta-feira
10h – Sabedoria ancestral: memória, política e sustentabilidade
Célia Maria Corsino (RJ/DF) – Diretora do Departamento de Patrimônio Imaterial do IPHAN
Heloisa Pires Lima (RS/SP) – Educadora, escritora e editora
Martha Rosa Queirós (PE/DF) – Chefe de Gabinete da Fundação Cultural Palmares
Mediação: Dalila Negreiros
14h – Oficina infanto-juvenil História da Princesa Alafiá (Projeto Ton Ogbon)
Sinara Rúbia e Ludmilla Almeida (RJ)
15h – Territórios Negros: fontes de sabedoria ancestral
Ângela Gomes (MG) – Engenheira Florestal e ativista do MNU-MG
Débora Marçal (SP) ? Capulanas ? Cia de Arte Negra, de São Paulo
Fernando Batista (PE) – Turismólogo, especialista em Baobás
Inés Morales (Equador) – Movimiento de Mujeres Negras de la Frontera de Esmeraldas (MOMUNE)
Mediação: Paula Balduino
18h30 – Exibição do curta-metragem O Dia de Jerusa, de Viviane Ferreira (BA/SP)
19h – Conferência – Nós que acreditamos na liberdade não podemos descansar: lições do feminismo negro
Patrícia Hill Collins
Mediação: Ana Cláudia Pereira
25 de julho – sexta-feira
9h30 – Benção das águas – Lavagem simbólica com religiosas/os de matriz africana
10h – Griôs da Saúde Integral
Adriana de Holanda – Psicóloga, Rede Independente Educação Griô, Grupo Semente de Jurema
Iradilva Miranda Dantas (PA), benzedeira/curandeira e membro da Malungu: Coordenação Estadual das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombo do Pará
José Marmo da Silva (RJ), coordenador da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde (Renafro)
Mediação: Sabrina Faria
14h30 – Conferência Legados das Ialodês: samba e resistência feminina negra
Jurema Werneck
Mediação: Christen Smith
16h30 – Panfletaço “Marcha Nacional das Mulheres Negras 2015”
17h – Lançamento de livros
Coletânea Poética, obra coletiva da Ogum’s Toques Negros
InCorPoros – nuances de libido, de Nina Silva e Akins Kintê
Pretextos de Mulheres Negras, obra coletiva organizada por Elizandra Souza e Carmen Faustino
Revista Afirmativa, um projeto dos Estudantes de Jornalismo da UFRB
Só por hoje vou deixar o meu cabelo em paz, de Cristiane Sobral
Versos de la Diaspora/Verses from the Diaspora, de Tony Polanco-Bethancourt (Panamá/EUA)
19h – Conferência – Feminismo negro e lutas mundiais por equidade
Angela Davis
Mediação: Chaia Dechen
21h – Encontro de Saraus Negros no Festival Latinidades
Apresentação: Cristiane Sobral (DF)
Sarau Afro Mix / Quilombhoje (SP)
Sarau Apafunk (RJ)
Sarau Bem Black / Blackitude (BA)
Sarau da Cooperifa (SP)
Sarau da Kambinda (SP)
Sarau Super Nova (DF)
Sarauê (DF)
Sopapo Poético (RS)
Participação de poetisas e poetas da Diáspora Africana
26 de julho – sábado
11h-21h – Feira Preta Latinidades
14h – Oficina Vivências do Balé, com Sinara Rúbia e Ludmilla Almeida (RJ)
16h – Oficina do Coletivo Meninas Black Power (estética e beleza negras), com Élida Aquino e Fabíola Oliveira (RJ)
17h30 – Oficina Turbantes e poéticas da beleza negra, com Nina Silva (RJ) e Marlene Tello (Colômbia)
19h – Desfile: Coleção Mônica Anjos em Homenagem aos 40 anos dos Blocos Afros
19h30-2h – Show musicais
Lei di Dai (SP)
Dj Donna (DF)
Malika Tirolien (Guadalupe)
Elza Soares (RJ)
Voz Sambou (Haiti)
Homenagem ao Buena Vista Social Club com Ibrahin Ferrer Jr. (Cuba) e participação de Marina de La Riva
Divas do Jazz (Ellen Oléria, Marabeau Jazz, Indiana Nomma e Alisa Sanders)
27 de julho – domingo
11h-21h – Feira Preta Latinidades
16h – Roda de Capoeira Angola com Mestra Janja e Contramestra Cristina
18h-0h – Show musicais
Dona Martinha do Coco (DF)
Bongar (PE)
Bossa Negra – Hamilton de Holanda + Diogo Nogueira (DF/RJ)
Cris Pereira com participação de Fabiana Cozza em Canções para Carolina (homenagem à escritora Carolina Maria de Jesus)
Naná Vasconcellos (PE)
Mart’nália (RJ)
28 de julho – segunda-feira
Das 10h às 17h
Roda de Conversa, Almoço coletivo e plantio de mudas de Baobás, com Fernando Batista (PE).
FICHA TÉCNICA
Coordenação Geral e de comunicação: Jaqueline Fernandes
Coordenação de comunicação visual e audiovisual: Chaia Dechen
Coordenação de Atividades Formativas: Ana Flávia Magalhães Pinto
Assessoria da Coordenação: Débora Carvalho
Produção Artística: Alê Capone
Produção Técnica: Eli Moura
Produção Formativa: Marcela Coelho
Produção Logística: HANDHS Tecnologia, Produções, Turismo e Logística Integrada
Receptivo: Uila Gabriela
Produção de Montagem e desmontagem – Marcelo Moita Arquidesigner
Produção Backstage: Fernanda Picorelli
RH e camarins: Silvia Letícia
Produtor de Credenciamento/Coordenação de Segurança: Paulão Silva
Direção de palco: Renato Nunes
Assessoria de Imprensa: Território Cultural
Fotografia: Tatiana Reis
Filmagem: Acervo Cultne
Tradutoras e acompanhamento de palestrantes internacionais
Patrícia Hill Collins – Ana Claudia
Angela Davis – Aline Maya
Cenografia: George Pedro e Renato Aurélio Ventura
Produção Backstage: Fernanda Picorelli
RH e camarins: Silvia Letícia
Produtor de Credenciamento/Coordenação de Segurança: Paulão Silva
Direção de palco: Renato Nunes
Apresentadora: Marta Carvalho
Coordenação de Acessibilidade: Bárbara Barbosa (Babi)