DF – Exposição de fotos traz retrospectiva de mais de 30 anos de lutas pelos direitos indígenas

Imagem símbolo da campanha pelos direitos indígenas na Constituinte. Foto: Claudia Andujar
Imagem símbolo da campanha pelos direitos indígenas na Constituinte. Foto: Claudia Andujar

Mostra reúne 43 fotos de momentos e personagens históricos, apresentadas em ordem cronológica, clicadas por 33 fotógrafos, com mapas e textos de apoio, em português e inglês

ISA

Começa na próxima terça, 19/11, na Praça Externa do Museu da República, em Brasília, a exposição Povos Indígenas no Brasil 1980/2013 – Retrospectiva em Imagens da Luta dos Povos Indígenas no Brasil por seus Direitos Coletivos. A mostra comemora os 30 anos do Apoio Norueguês aos Povos Indígenas no Brasil e os 25 anos da Constituição. O projeto é uma realização da Embaixada da Noruega no Brasil e do ISA.

No dia 19/11, acontece a abertura oficial, no mesmo local, com coquetel e show da cantora Elle Márjá Eira, do povo indígena Sami, do norte da Noruega. A abertura contará com a participação do secretário de Estado para Assuntos Indígenas da Noruega, Anders Bals, a embaixadora da Noruega no Brasil, Aud Marit Wiig, de Beto Ricardo, do Instituto Socioambiental (ISA) e curador da exposição e da presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Maria Augusta Assirati.

A exposição é composta por 43 fotos, apresentadas em ordem cronológica, clicadas por 33 fotógrafos, com mapas e textos de apoio, em português e inglês. A mostra é composta por 18 totens de 2,39 x 2 m, com imagens de ambos os lados. A iluminação noturna das peças será feita por coletores solares, no topo dos totens. Em 2014, a mostra estará em São Paulo, Rio de Janeiro, Manaus e Oslo (Noruega).

Índios de diversas etnias fazem vigília no Congresso Nacional para garantir seus direitos na Constituinte
Índios de diversas etnias fazem vigília no Congresso Nacional para garantir seus direitos na Constituinte

Momentos e personagens históricos

A maior parte das fotos foi publicada originalmente na imprensa ou nos volumes da série Povos Indígenas no Brasil, elaborada, inicialmente, pelo Centro Ecumênico de Documentação e Informação (Cedi) e, a partir de 1994, pelo ISA, com apoio do governo norueguês.

A exposição traz momentos e personagens históricos, retratados num período de 33 anos no qual os povos indígenas saíram da invisibilidade para entrar de vez no imaginário e na agenda do Brasil contemporâneo. O marco desse processo foi o capítulo dos direitos indígenas da Constituição. Entre outros temas, as imagens retratam a participação indígena na Constituinte (1986-1988); a batalha pelo reconhecimento das Terras Indígenas; a resistência às invasões de garimpeiros e madeireiros; o apoio de músicos como Sting e Milton Nascimento; a apropriação das tecnologias do homem branco; as ameaças aos últimos povos “isolados”; as mobilizações recentes pela garantia de seus direitos.

“Pretende-se que essas imagens sirvam de referência para as narrativas dos seus protagonistas, assim como para o aprendizado das novas gerações”, comenta Beto Ricardo.

O cacique Akã, do povo Panará, protagonista do filme O amendoim da cutia, é filmado pelo cineasta Paturi
O cacique Akã, do povo Panará, protagonista do filme O amendoim da cutia, é filmado pelo cineasta Paturi

Em 1983, a Noruega criou uma linha específica de cooperação internacional para apoio aos povos indígenas e o Brasil foi o primeiro país a receber seus recursos. A Embaixada da Noruega apoia atualmente 15 associações indígenas e organizações indigenistas. A base da iniciativa é a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), um dos principais mecanismos internacionais de proteção aos direitos indígenas. A Noruega foi o primeiro país a ratificá-la, em 1990. O Brasil fez o mesmo em 2002.

“A Noruega vem firmando parcerias de longa duração com várias associações indígenas e organizações não governamentais indigenistas no Brasil por meio de seu Apoio aos Povos Indígenas. O foco tem sido o apoio institucional”, informa a embaixadora da Noruega no Brasil, Aud Marit Wiig.

“Extintos”

A exposição trata de um período histórico recente (1980-2013) marcado pelo protagonismo político dos povos indígenas, depois de terem sido considerados extintos. Essa visão está presente no curioso relato do antropólogo Claude Lévi-Strauss, registrado em seu livro “Tristes Trópicos”, que serve de epígrafe à exposição. Em 1934, pouco antes de viajar ao Brasil, ele questionou o embaixador brasileiro na França sobre como encontrar comunidades indígenas. “Índios? Infelizmente, prezado cavalheiro, lá se vão anos que eles desapareceram”, respondeu o diplomata.

O antropólogo Darcy Ribeiro registrou o decréscimo geral da população indígena e o desaparecimento de mais de 80 etnias, entre 1900 e 1950. Algumas fontes estimam que, em 1500, havia entre 2 milhões e 6 milhões de índios no que seria mais tarde o território brasileiro.

A trajetória de resistência retratada na exposição, no entanto, coincidiu com a recuperação do crescimento demográfico dessas comunidades, registrada a partir dos anos 1980. Hoje, existem no Brasil 240 povos indígenas, que falam 154 línguas e somam uma população de mais de 896 mil pessoas (IBGE 2010). O número de índios continua crescendo, assim como o de etnias, embora alguns povos estejam ameaçados de extinção. Metade das etnias tem uma população de até mil pessoas; 49 têm parte de sua população habitando países vizinhos; há 60 registros de povos “isolados”.

Piracumã Yawalapiti pede calma aos policiais militares nas redondezas do Congresso Nacional durante a Mobilização Indígena de outubro de 2013. Foto: André D'Elia
Piracumã Yawalapiti pede calma aos policiais militares nas redondezas do Congresso Nacional durante a Mobilização Indígena de outubro de 2013. Foto: André D’Elia

Comments (1)

  1. Eu vi chover…eu vi relampiar, mas mesmo assim o CÉU estava AzUl,samporepemba!Folha da JUREMA!!!!!!!!!!OXÒSSI e´´ dono do MARACUJá.!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
    SARAVÁ!

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