A ideia é fazer com que todos os profissionais se inscrevam no programa Mais Médicos e boicotem as etapas seguintes da avaliação
Mirelle Pinheiro, em Correio Braziliense
Médicos brasileiros se mobilizam na internet para atrasar o cronograma do governo com a importação de estrangeiros. A ideia é fazer com que todos os profissionais se inscrevam no programa Mais Médicos, lançado pelo governo federal na última terça-feira (8/7). Os médicos não dariam prosseguimento às outras etapas da seleção.
Por meio de mensagem que circula no Facebook, os profissionais da saúde são orientados a fazer o cadastro no programa, e boicotar as etapas posteriores. A grande quantidade de cadastros, de acordo com o comunicado, faria com que o sistema de avaliação do programa ficasse sobrecarregada e dificultasse o processo. O atraso faria com que o Conselho Federal de Medicina (CFM), ganhasse mais tempo para conseguir uma liminar na justiça e barrar a importação dos médicos estrangeiros.
O Correio entrou em contato com o Sindicato dos Médicos do Distrito Federal (SindMédico) e com o CFM – ambos negam qualquer envolvimento com o comunicado divulgado na internet. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, encaminhou na quinta-feira (11/7) ofício ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, solicitando o acompanhamento pela Polícia Federal das inscrições no programa Mais Médicos.
Ato Médico
As associações de médicos informaram que vão deixar as cadeiras que ocupam em fóruns governamentais, como o Conselho Nacional de Saúde. A categoria não aprovou os 10 vetos na Lei do Ato Médico pela presidente Dilma Rousseff.
O presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Roberto d’Ávila, disse que a categoria se sentiu “traída” pelas outras profissões, que apoiaram os vetos, e pelo ministro da Saúde, Alexandre Padilha: “Os vetos mutilam e ferem de morte o projeto, mas vamos lutar para derrubá-los. Esperamos que o Congresso Nacional não se curve, já que foi um trabalho muito sério o que fizemos”.
Programa Mais Médicos
O programa dá prioridade a médicos brasileiros no preenchimento de novas vagas criadas – na ausência de candidatos locais, o governo abre as vagas para estrangeiros. Os profissionais contratados receberão bolsa do Ministério da Saúde de R$ 10 mil para atuar, sob a supervisão de instituições públicas de ensino, na atenção básica do Sistema Único de Saúde (SUS) em municípios do interior e em regiões metropolitanas. Também está previsto o pagamento de auxílio-deslocamento, que pode chegar a R$ 30 mil.
Os médicos se sentiram traídos porque as outras categorias da saúde não quiseram se submeter ao seu jugo? Que cara de pau, não?