De quantas tragédias ambientais e humanas 2015 precisa pra terminar?

Por Luiz Cláudio Brito Teixeira

Desde agosto as florestas do Maranhão estão pegando fogo. Em outubro os incêndios atingiram seu momento mais dramático, nas terras indígenas Araribóia, Caru e Alto Turiaçu. Essas terras, juntas com a Rebio do Gurupi (reserva biológica do rio Gurupi, na fronteira entre o Pará e o Maranhão), formam um dos maiores corredores de biodiversidade do Maranhão e do Brasil e concentram os últimos remanescentes de floresta Amazônica no estado.

Um violento processo de destruição da vida foi posto em curso por madeireiros e fazendeiros. Muitas vezes um é “pai” do outro e o Estado pouco tem feito para coibir a ação dos criminosos. Caso da Terra Indígena Alto Turiaçu, onde vive o povo Ka’apor, e uma aldeia Guajá. Esses incêndios seriam uma represália à ação dos Ka’apor em expulsar os madeireiros dos seus territórios.

Desde agosto as florestas queimam e os indígenas já denunciaram que os incêndios foram propositais, iniciados nos limites das fazendas com os territórios indígenas. Impossibilitados de roubar madeira. os criminosos atearam fogo nos pastos próximos das aldeias como vingança. A caça que não foi afugentada morreu queimada e as crianças Ka’apor começam a sofrer de problemas respiratórios, assim como os mais velhos, em razão da fumaça.

Mas e os órgãos ambientais do Estado, nada fazem?

A Secretaria de Meio Ambiente do Maranhão nada fiscaliza na região, o Estado não possui uma política ambiental que fiscalize e puna quem comete crime ambiental. As prefeituras, suas secretarias e legislativos mirins das cidades da região são ligados aos madeireiros e fornecem as licenças de funcionamento das serrarias, sem pudor algum.

Bom, não dá pra contar com o Estado do Maranhão e nem com as prefeituras, mas temos a Funai e o IBAMA empenhados em proteger as terras indígenas?

O IBAMA mobilizou algumas brigadas para auxiliar os Ka’apor no combate aos incêndios, mas no meio do caminho a Funai desviou as brigadas para combater incêndio em outra terra (que é necessário evidente, mas descumpre acordo com os Ka’apor). O Ibama mandou nova brigada deslocada do Tocantins, mas segundo os índios essa brigada ficou retida muito tempo em São Luís (capital do Estado) por que os funcionários da Funai diziam que era melhor não ir, pois a região era cheia de pistoleiros que estavam em conflito com os Ka’apor..

O quadro é muito grave: já são mais de 200 mil hectares de florestas na Terra Indígena Araribóia que foram convertido em cinzas e ainda não se calculou o desastre na terra Caru e nem na terra dos Ka’apor.

O ano de 2015 trouxe os maiores crimes ambientais registrados na história do Brasil e do alto do Planalto não se vê um esforço claro pra reverter essa situação.

Luiz Cláudio Brito Teixeira é Professor de História do projeto de educação Ka’a namõ jumu’e ha katu – Aprendendo com a Floresta, do povo Ka’apor.

Destaque: Terra Indígena Arariboia em chamas.

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