RJ – ENSP exibirá documentário sobre democracia e cidadania amanhã, 06/11

Fiocruz

Na sexta-feira (6/11), às 13h30, a ENSP vai receber a cineasta portuguesa Raquel Freire que apresentará seu documentário Dreamocracy, correalizado em parceria com a cineasta francesa Valérie Mitteaux. Esta é uma iniciativa da Vice-Direção de Ensino da Escola e visa, assim como o filme, abrir espaço para uma discussão qualificada sobre cidadania e democracia. Ao retratar um cenário de turbulência, tendo Portugal como foco, o documentário debate a conjuntura do país em que a crise econômica parece por em questão a democracia, entendida como um dos mais relevantes pressupostos da cidadania. A partir disso percebeu-se a pertinência e atualidade em relação ao nosso cenário brasileiro. Além disso, o debate pretende levantar questões, como quem somos, quem queremos ser, quais os novos paradigmas, como podemos viver em conjunto, que sociedade queremos construir, e quais os caminhos para as diversas formas de felicidade. A exibição do filme será no salão internacional, no 4º andar, e a participação é livre, não sendo necessária inscrição prévia.

Ao final da exibição, acontecerá um debate com Raquel Freire, que será mediado pela pesquisadora da Vice-Direção de Escola de Governo em Saúde da ENSP Roberta Gondim. Dreamocracy é o retrato de um país em crise, do desespero das pessoas para sobreviveram no cotidiano e das tentativas de luta contra a desumanização, pelo direito universal a uma vida digna. No filme, descobre-se Portugal por meio de um grupo de jovens idealistas que, inspirados na Primavera Árabe, organizaram o grande protesto popular de 12 de março de 2011. Eles conseguiram mobilizar meio milhão de pessoas contra as medidas de austeridade, o que os impulsionou a irem mais longe e criarem a Academia Cidadã para empoderarem os cidadãos e a criarem ferramentas para salvar a democracia. Seguindo novas formas de fazer política, Dreamocracy traz-nos um outro olhar sobre o ativismo contemporâneo, que parte de casa, da internet e sai para a rua à procura da mudança real e de novos paradigmas.

Segundo Raquel, o filme é uma autoestrada de livre acesso entre o cinema e a vida das pessoas. “Em uma abordagem voltada para o futuro, o filme acontece segundo uma ação pedagógica nas escolas por todo o país. A ideia é debater com os jovens e professores o que é a democracia, acompanhada de um apanhado de educação. Este é constituído de um dossiê com informações sobre os temas que o filme aborda e também questões a serem levadas para discussão de forma que os professores tenham material futuro para trabalharem com seus alunos depois das sessões. Nossa intenção final é que o debate chegue às casas e às famílias dos indivíduos participantes”, explicou a cineasta.

Raquel disse ainda que o documentário é uma produção independente, com distribuição alternativa e não comercial; e que ele foi desenvolvido dessa forma, pois seu intuito é que ele chegue a todas as pessoas que têm interesse em assisti-lo. Ela comentou também a sua felicidade com o convite para apresentar o Dreamocracy aqui na ENSP.

“Correalizar este filme foi difícil e extraordinário, pois ele traz grande complexidade e riqueza”, disse Raquel, que detalhou ainda o momento da produção: “Eu desejava fazer este filme agora. Ele é sobre nós, pessoas que vivem neste país. É feito do sofrimento que nos aflige e da luta e esperança construída dia a dia. O cinema também é isso: questionar, abalar, pôr-me em causa – por isso estou dentro – como estar de fora?”.

A cineasta citou ainda Glauber Rocha dizendo: “Estou preparada para a incompreensão democrática”. Mas com muita clareza, ela também afirmou não estar pronta para a censura encoberta, a covardia ou a mediocridade. “O cinema é sabermos quem somos, fazermos escolhas, assumirmos de que lado estamos, quem queremos ser, e termos a coragem de nos expor, com todas as contradições. Estamos todos caindo no abismo, porém eu digo não, exijo ter um futuro, uma vida digna, fazer filmes! Caso contrário, como vou explicar ao meu filho que daqui a alguns anos ele vai ser um cidadão de segunda ou terceira num país colonizado? Querem que eu fique de fora? Fora do quê, exatamente? Nunca nada em vão. Esta é a minha gente. Este é o meu país. Este é o meu cinema”, defendeu Raquel.

Sobre a cineasta

Nascida na cidade do Porto, em Portugal, em 1973, Raquel Freire deu início a sua carreira estudando Direito na Faculdade de Coimbra. Em 1996 começou a enveredar para o lado das artes quando estudou História e Estética do Cinema Português; e depois música, dança, teatro, fotografia e pintura. Raquel estreou no cinema em Rio Vermelho (1999), seu primeiro curta metragem independente. Seu primeiro longa-metragem foi em 2001, Rasganço, cujo título provém da última das praxes estudantis, que consiste em rasgar o traje acadêmico do finalista, até que este fique completamente despido. Depois deste vieram ainda: Rasganço: entrevistas e reflexões sobre o filme(2003), Coimbra: É proibido proibir (2003), Aborto (2004), Veneno Cura (2007), Esta é a minha cara (2009), A vida queima (2012) e Leias do Corpo (2013).

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