Quilombo de Mandira, em Cananéia, tem área reconhecida pelo Incra

Famílias terão mais segurança jurídica em relação às áreas. Ancestrais dos quilombolas ocuparam a área pelo menos desde 1868.

Por G1 Santos

As terras da Comunidade Remanescente de Quilombo de Mandira, no município de Cananéia, no Vale do Ribeira, no interior de São Paulo foram reconhecidas e declaradas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A medida foi publicada nesta quinta-feira (8), no Diário Oficial da União (DOU), e beneficia 24 famílias quilombolas.

As 82 pessoas que ocupam o local passarão a ter mais segurança jurídica em relação às áreas, que equivalem a cerca de 1.200 hectares. Conforme estudos antropológicos analisados pelo Incra/SP, ancestrais dos quilombolas ocuparam a área pelo menos desde 1868.

Na segunda metade do século XIX, Francisco Mandira recebeu o “Sítio Mandira”, a título de doação. Ele teria sido fruto da relação entre o senhor de escravos Antônio Florêncio de Andrade e uma de suas escravas. Esse sítio foi dividido entre seus dois filhos e a área do Quilombo de Mandira corresponde aproximadamente às terras que foram repassadas a um deles.

A presença dos quilombolas na região alia atividade econômica à preservação ambiental, sendo que a principal fonte de renda dos mandiranos – como se autodenominam – vem do cultivo de ostras, da extração de caranguejos, da pesca, do turismo de base comunitária e do artesanato.

O reconhecimento do Incra foi comemorado pelo quilombolas. As próximas etapas são a retirada de famílias não-quilombolas do território (desintrusão) e a entrega da titulação, que é de uso coletivo. O quilombo de Mandira é o sexto no Estado de São Paulo a passar pela etapa de reconhecimento, assim como Ivaporunduva, em Eldorado, Cafundó, em Salto de Pirapora, Morro Seco, em Iguape, Brotas, em Itatiba, e Caçandoca, em Ubatuba.

Destaque: Cultivo de ostras no Quilombo do Mandira. Foto: Circuito Quilombola /Divulgação.

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