Indígenas, quilombolas, quebradeiras de coco e demais movimentos que ocuparam a Funai em Imperatriz, no Maranhão, divulgam Carta: “Nosso movimento saiu vitorioso e nós, fortalecidos pela autonomia, pela alegria e solidariedade entre os povos”

Confira documento que marcou o fim da ocupação que reivindicou e fortaleceu a luta dos Povos Tradicionais e Originários pela demarcação de seus Territórios.

Em Seminário Carajás 30 anos

Nós, indígenas dos povos Krenyê, Gamela, Gavião, Kreepym Katiji, Quilombolas/Moquibom, Quebradeira de Coco, Conselho Indigenista Missionário – Cimi e Comissão Pastoral da Terra – CPT ocupamos, nos dias 05 a 08 de outubro de 2015, a Coordenação Regional da Funai em Imperatriz, no Maranhão, reivindicando, principalmente, a demarcação dos nossos territórios.

Ao som dos nossos maracás, tambores, cantos e danças e, em sintonia com o movimento nacional, viemos exigir do Estado brasileiro o cumprimento da decisão judicial que garante a aquisição de terra para o povo Krenyê, que tem vivido de forma desumana, confinados a um minúsculo pedaço de chão onde não há água para as suas necessidades básicas e, sem terra para plantar, vivem excluídos. 

“Estou aqui, e só saio com a decisão sobre nossa terra. Se não a Funai vai ter que deixar eu morar aqui. Já estou cansada de estar bolando pela terra dos outros. A gente nem pode colocar uma roça e nada, moço. Quero ter a terra para quando eu morrer ter pelo menos o lugar de ser enterrada.” (Maria de Lourdes Krenyê).

Celebramos a conquista da publicação do edital para a compra de terra para o povo Krenyê, uma espera que durou 1 ano e 2 meses, audiências com o presidente da Funai com os povos Krenyê e Gamela e as demais demandas foram encaminhadas.

Nosso movimento saiu vitorioso e nós, fortalecidos! Não somente por essas conquistas, mas sobretudo, pela autonomia, pela alegria e solidariedade entre os povos. Compreendemos que nossos direitos só serão alcançados com a união dos povos e comunidades que foram e continuam sendo empobrecidos, excluídos e marginalizados por esse sistema capitalista, de morte.

Nossos agradecimentos apontaram para a necessidade de fortalecer ainda mais a nossa unidade e seguir lutando na defesa dos nossos direitos, dos direitos da mãe terra e pela valorização dos nossos modos de vida, do nosso Bem Viver.

Insurgência, desobediência, territórios livres!

Imperatriz, 09 de outubro de 2015.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Cláudio Castro.

 

 

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