Situação do Rio São Francisco é avaliada a uma semana dos 514 anos

Os 514 anos do Rio São Francisco são celebrados no dia 4 de outubro. Petrolina é terceiro município da bacia hidrográfica que mais degrada o rio.

“O rio que conheci, não reconheço mais”, comenta a dona de casa Maria Helena Mariano sobre o Rio São Francisco. Ela é natural de Souza, no Sertão paraibano, mas reside há 28 anos em Petrolina, no Sertão de Pernambuco. A uma semana do aniversário de 514 anos do Velho Chico, comemorado no dia 4 de outubro, a moradora reflete sobre as mudanças sofridas pelo Rio São Francisco desde que chegou ao município.

Para Maria Helena, o Rio São Francisco ainda é a paisagem mais linda do sertão pernambucano. “Não quero que se acabe nunca”, exprime. Entretanto, segundo o doutor em Educação Ambiental e Sustentabilidade e membro do Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, Aluísio Gomes, para que o desejo da dona de casa se realize, é urgente a criação de um projeto de revitalização. “Nesse momento de crise hídrica, o que mais observo são pessoas se perguntando o que fazer pra puxar mais água, mas um grande projeto de revitalização do rio não existe, há apenas um projeto intencional”, explica.

Ainda de acordo com Aluísio, também é preciso trabalhar na população o sentimento de que o rio é como um patrimônio pessoal que deve ser defendido. “Poucas são as pessoas que vêm ao rio para contemplá-lo. Muitas vezes, vêm para mergulhar e não têm consciência do estado em que ele se encontra. Como educador, o que me preocupa é preparar as futuras gerações”, afirma.

Petrolina é o terceiro, entre os 504 municípios que fazem parte da bacia hidrográfica do São Francisco, que mais degrada o rio, perdendo apenas para Brasília-DF e Belo Horizonte-MG. “Deveríamos ser os primeiros a ter o melhor programa de defesa ao Rio São Francisco, mas temos 89 quilômetros de margem e de asfalto na beira do rio. Asfalto com água não combina, leva um tal de progresso que é destruidor”, ressalta.

O integrante do comitê considera o rio um patrimônio vital e acredita que é preciso iniciar um projeto nas escolas, começando com a capacitação de professores e gestores, para que esse sentimento seja transferido para as crianças e adolescentes do município. “Não faz sentido a gente não se apaixonar por este rio e tratá-lo como se fosse um membro da nossa família, se a sua água é a que nós bebemos e é ela que compõe nosso organismo”, argumenta.

Para o eletricista de manutenção e morador de Petrolina, Marco Antônio Dutra, o exemplo tem que partir de dentro de casa, com medidas simples como poupar água. “Estamos assistindo o rio ser assoreado, mas se acabar o rio, acaba o ribeirinho. Cuidando do rio, a gente está cuidando da gente”, exalta.

Destaque: Nem só de encantos vive o nosso rio. Baronesas estão sufocando o Velho Chico e dificultando várias atividades (Foto: Caio Alves/ Arquivo pessoal).

Enviado para Combate Racismo Ambiental por Ruben Siqueira.

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