Cerca de mil famílias ocupam latifúndio em Casa Verde, no MS

Algumas das famílias que ocuparam a área já estão há mais de doze anos morando em um barraco de lona

Por Karina Vilas Boas
Da Página do MST

Cerca de mil famílias Sem Terras de Mato Grosso do Sul ocuparam, na manhã desta sexta-feira (21), uma área de 5.800 hectares, localizada no Distrito de Casa Verde, na divisa com São Paulo.

A ação faz parte da Jornada Nacional de Lutas do MST, com o intuito de pedir celeridade nos processos de Reforma Agrária. Em MS, estes processos já estão paralisados há mais de cinco anos.

Segundo o Movimento, a área ocupada é para aquisição, já passou por vistoria, mas a compra ainda não foi efetivada.

Segundo Jonas Carlos da Conceição, da direção nacional do MST, as famílias que ocuparam a área fazem parte de acampamentos de três regiões do estado, e algumas delas já estão há mais de doze anos morando em um barraco de lona.

“A morosidade no processo da Reforma Agrária nos faz a continuar realizando ações como essa, pois não podemos mais ficar de braços cruzados diante desta situação”, disse.

Outro ponto apontado por Conceição é a maneira em que se encontra o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Mato Grosso do Sul.

“Desde maio estamos aguardando a nomeação definitiva de um superintende. Atualmente temos um funcionário de carreira ocupando o cargo, e as coisas no órgão estão praticamente paralisadas”, denuncia.

O dirigente também aponta outras situações do órgão federal. “Temos famílias acampadas há mais de 12 anos sofrendo com a inoperância do Incra, sem coisas básicas, como a alimentação. Por outro lado, movimentos que surgiram há dois meses já tem servidores do órgão fazendo cadastro e organizando essas questões”.

Com a atual estrutura do Incra ficaria impossível atender a demanda de 29 mil famílias a espera de um lote e de outras 30 mil assentadas, coloca Conceição.

“O sucateamento do Incra não é nenhuma novidade. Para nós já é uma pauta amarelada, mas é impossível não falar disso, pois a realidade não muda e eles continuam sem estrutura básica de pessoal, finanças, organização e assim por diante”, destaca.

Cortes no orçamento

Atiliana Brunetto, também dirigente nacional do MST, ressaltou que o cenário nacional do ajuste fiscal, que reduziu de R$ 3,6 bilhões para R$ 1,8 bilhões os recursos da Reforma Agrária, piora ainda mais a situação.

“Se já tínhamos problemas, agora com a redução dos recursos com certeza as coisas irão piorar, e as nossas famílias continuarão na lona se nós não formos de fato para a trincheira como estamos fazendo agora”.

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