Chesf é multada por mancha negra no rio São Francisco; problema se agrava

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O IMA (Instituto do Meio Ambiente de Alagoas) informou que multou a Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco) em R$ 650 mil por dano ambiental causado pela liberação de sedimentos no rio São Francisco. Segundo o órgão, a mancha negra resultante de uma operação da companhia aumentou de 25 km para 34 km –segundo dados desta quinta-feira.

De acordo com laudo técnico, a mancha negra que polui o rio foi causada por uma microalga, que surgiu após liberação de sedimentos de uma barragem da Chesf, esvaziada em fevereiro. A mancha foi percebida no dia 10, e desde lá autoridades estudam medidas para amenizar o problema.

Segundo o IMA, além da multa aplicada, a Chesf deverá apresentar medidas para solucionar o problema e reparar os danos causados em Alagoas.

Durante oito dias, 110 mil moradores de oito cidades do Estado ficaram sem abastecimento de água, que foi suspendo devido o problema. A Companhia de Saneamento de Alagoas pede R$ 500 mil de indenização à Chesf pelos prejuízos causados.

Sobre a proliferação da mancha, o IMA diz que isso deve ter ocorrido por conta dos ventos. Para tentar reduzir os efeitos da mancha, a ideia é aumentar novamente a vazão do rio, reduzida por conta da seca no reservatório de Sobradinho (BA).

Mas a medida é vista com receio já que pode causar problemas no abastecimento de energia. No próximo dia 28, inclusive, a ANA (Agência Nacional das Águas) deve realizar reunião com órgãos para reduzir ainda mais a vazão dos atuais 1.000m³/s para 900m³/s.

Enquanto o problema não é resolvido, os ribeirinhos que vivem no local onde a mancha prosperou contabilizam prejuízos.

“Há mais de 20 dias estamos comprando água. Foi algo muito sério. A água hoje só serve para usar em banheiro. A colônia de pescadores está entrando com uma ação contra Chesf porque, com a sujeira, o peixe se escondeu, não desceu para essa região, e causou prejuízo”, disse Luiz Carlos Pereira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Agricultura Familiar de Delmiro Gouveia.


Sedimentos

Também nesta quinta-feira, durante reunião com o Comitê da Bacia Hidrográfica do São Francisco, o IMA apresentou relatório final dos danos. Segundo o órgão, “durante a operação [de esvaziamento do reservatório], cerca de 80% dos 26 milhões de metros cúbicos da água armazenada no reservatório teriam sido liberados junto com grande quantidade de sedimentos”.

O IMA alega os sedimentos estavam acumulados por cerca de 30 anos no lago Belvedere, que foi esvaziado no dia 22 de fevereiro para manutenção. O local fica no Complexo Apolônio Sales, que abastece a usina hidrelétrica de Paulo Afonso (BA).

Até o momento, a companhia federal emitiu apenas um pronunciamento oficial, o qual nega que tenha causado o problema no rio.

“Todo o trabalho de operação das usinas e manejo dos reservatórios da Chesf são feitos com a autorização e fiscalização de órgãos como o Ibama e a Agência Nacional de Águas (ANA). Atualmente, devido à longa estiagem, o rio encontra-se com vazão mínima de 1.100m3/s, a partir da barragem de Sobradinho (BA) e de 1.000m3/s, na carga leve (durante a madrugada, domingos e feriados)”, disse.

Imagem: Mancha escura no Rio São Francisco tem cerca de 25km de extensão (Foto: Ascom/IMA)

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