Exposição retrata agonia do Rio São Francisco na maior seca da história

Mostra é realizada pelo projeto ‘Vidas Áridas’, em Montes Claros. Durante 15 dias, expedição percorreu o Rio da Integração Nacional.

Adriana Lisboa, do G1 Grande Minas

O projeto “Vidas Áridas”, idealizado pelos jornalistas Délio Pinheiro e Geraldo Humberto, lançou no Montes Claros Shopping, na noite dessa quarta-feira (9), a 3ª exposição de fotografias do projeto, com o tema “A maior seca vivenciada pelo Rio São Francisco”.

A história do rio, a agonia durante uma longa estiagem, e o sofrimento de pescadores e barranqueiros da seca, são contados através das imagens feitas durante uma expedição realizada em setembro 2014, que durou 15 dias, e percorreu o Rio da Integração Nacional, da represa de Três Marias ao estado da Bahia. Participaram da caravana, jornalistas, ambientalistas, acadêmicos, técnicos e diretores de órgãos federais.

A realização desta expedição, de acordo com Geraldo Humberto, vai de encontro com um projeto que começou tímido, mas que hoje possui um grande espaço na sociedade.

“Estamos em um momento em que o país passa por uma grande crise hídrica, e nós, que já sofremos há muito tempo com a seca, é mais um incentivo pra gente continuar nosso trabalho. É hora de trabalharmos de fato e de direito por um mundo melhor”, diz Geraldo Humberto.

Segundo Délio Pinheiro, o Vidas Áridas, hoje, não pertence a quem idealizou o projeto, é uma “onda do bem”. Temos conseguido trazer resultado concretos, despertando a consciência das pessoas, a responsabilidade dos políticos para tratar desta questão da seca. Fico muito feliz em estar à frente de um projeto que ganha vida própria a cada momento, e que hoje é uma representação importante no Norte de Minas, quando se fala em meio ambiente”, diz.

Délio citou o desafio que foi viajar pelo rio em meio à maior seca da história do São Francisco, durante a expedição: “Toda a dificuldade de navegação ficou clara na série de reportagens e também foi retratada nas fotografias. A impressão que dava é que a morte nos acompanhava o tempo todo; morte dos peixes, queimadas, as margens sem cobertura vegetal. O quadro do São Francisco inspira cuidados”, destacou o jornalista.

Antônio Jackson Borges, representante do Comitê da Bacia do Rio São Francisco (Foto: Adriana Lisboa/G1)
Antônio Jackson Borges, representante do Comitê da Bacia do Rio São Francisco (Foto: Adriana Lisboa/G1)

Antônio Jackson Borges, representante do Comitê da Bacia do Rio São Francisco, saiu de Alagoas para prestigiar a exposição, e ressalta que o Rio precisa de ajuda. Segundo ele, a exposição é a culminância de um trabalho que começou em Três Marias, e no momento certo, onde se pode retratar o processo de degradação do Rio São Francisco em Minas Gerais.

“É muito preocupante, porque Minas é onde começa o rio, e o Rio São Francisco mineiro está morto, um dos seus grande afluentes, o Rio Verde Grande, está morto. Esse trabalho, essa expedição, terá que seguir levando essa mensagem de salvação do rio para a sociedade. Não dá mais para ouvir discursos, reuniões, e nada acontece, nenhuma ação de educação ambiental é feita. Não é possível que a gente conviva com isso’, desabafa.

A exposição apresenta 40 fotografias e vão ficar 12 dias no Montes Claros Shopping, e depois se torna itinerante. Segundo Geraldo Humberto, as cidades banhadas pelo São Francisco estão na rota da mostra. “Mas temos convites também de cidades que não são ribeirinhas. E isso mostra que o São Francisco é um assunto que interessa, e que preocupa a todos”, completou Humberto.

Cerca de 40 fotos estão na exposição do projeto 'Vidas Áridas' (Foto: Adriana Lisboa/G1)
Cerca de 40 fotos estão na exposição do projeto ‘Vidas Áridas’ (Foto: Adriana Lisboa/G1)

Outras iniciativas
O Vidas Áridas começou há quatro anos, no mês de março. O projeto Nascente Viva, em parceria com a Secretaria Municipal de Meio Ambiente e a ONG OVIVE, tem o objetivo de cercar todas as nascentes do município de Montes Claros. Segundo Délio Pinheiro, a iniciativa faz parte de um projeto amplo de revitalização da Bacia do São Francisco

De acordo com os idealizados, o projeto Vidas Áridas tem participado também das reuniões do CODEMC, comitê independente criado para pensar a Montes Claros ideal para se viver em 2030.

Ainda segundo Délio, desde a criação, o projeto realizou dezenas de palestras em escolas, empresas, igrejas e sindicatos. “Nossa palestra tem vídeos e fotos, e muita interatividade. Os estudantes, principalmente, conseguem pegar a mensagem da importância do consumo racional da água e multiplicar as ações. Os resultados são ótimos”, garante.

Imagem destacada: Exposição retrata a agonia vivenciada pelo Rio São Francisco (Foto: Adriana Lisboa/G1)

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Ruben Siqueira.

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