Investigador da ONU diz que Estados Unidos impedem visitas às prisões

Da Agência Lusa

O principal investigador da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre práticas de tortura, Juan Mendez, acusou ontem (11) os Estados Unidos de não responderem aos seus pedidos para visitar as prisões norte-americanas, incluindo o centro de detenção de Guantánamo, em Cuba. “Pedi autorização para visitar prisões no seu território”, mas a resposta não foi satisfatória, declarou Mendez durante coletiva de imprensa em Genebra, na Suíça, no Conselho dos Direitos Humanos da ONU.

Segundo ele, foram feitos contatos com o Departamento de Estado, “mas não tiveram seguimento”.

As autoridades norte-americanas manifestaram, de acordo com Mendez, estar fora de questão a autorização para visitar prisões federais, em particular os estabelecimentos de alta segurança, nos quais os detidos podem permanecer em isolamento 22 horas ou mesmo 23 horas por dia.

Na opinião de Juan Mendez, “não é raro” que nos Estados Unidos alguns prisioneiros passem mais de 25 a 30 anos em isolamento.

“Consideramos que existem cerca de 80 mil prisioneiros em isolamento nos Estados Unidos”, indicou ainda o investigador da ONU, para quem o confinamento não deveria ultrapassar de 30 a 60 dias.

“Estudos psiquiátricos indicam que o isolamento pode provocar danos cerebrais irreversíveis”, assinalou. “Os prisioneiros podem ler, escrever, ver televisão, mas o contacto humano é essencial”, acrescentou.

O relator da ONU recordou ainda que em 2012 pediu aos Estados Unidos para visitar a prisão de Guantánamo, onde desde 2002 estão detidos suspeitos por terrorismo. “Os Estados Unidos colocaram-me condições inaceitáveis, não podia visitar toda a prisão, e não podia conversar com os detidos”, indicou Mendez, que recusou a ida a Guantánamo nessas condições.

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