Ações da Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Camponesas chegam em 21 estados e mobilizam mais de 20 mil Sem Terra

Os protestos fazem parte da Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Camponesas, em que denunciam o modelo do agronegócio no campo brasileiro e propõem a agroecologia como alternativa ao capital estrangeiro na agricultura. Confira um pouco das manifestações em cada estado:

Página do MST / Comissão Pastoral da Terra

Ao longo desta semana, o Brasil amanheceu com diversas mobilizações das mulheres camponesas. Até o momento, mais de 20 mil Sem Terra participaram das ações em 21 estados brasileiros, com marchas, ocupações e trancamento de rodovias.

As mobilizações aconteceram em RS, MA, PR, SP, RJ, MG, BA, DF, PB, GO, AL, SE, MT, TO, RN, CE, ES, PE, PI, PA e MS.

As ações fazem parte da Jornada Nacional de Lutas das Mulheres Camponesas, em que denunciam o modelo do agronegócio no campo brasileiro e propõem a agroecologia como alternativa ao capital estrangeiro na agricultura.

GO

Nesta terça-feira (10), cerca de 1.500 mulheres camponesas do MST, Movimento Camponês Popular (MCP), da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (FETRAF) e da Comissão Pastoral da Terra (CPT) ocuparam a unidade da transnacional Cargill, em Goiânia. Segundo as trabalhadoras rurais, a Cargill vem estimulando o desmatamento do Cerrado e a expulsão de milhares de famílias camponesas, ao apoiar a expansão dos monocultivos de soja e cana-de-açúcar.

Nesta segunda-feira (9), mais de 1.500 mulheres também do MST, MCP e Fetraf ocuparam a Secretaria da Fazenda. No período da tarde, as camponesas ocuparam a sede da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), na capital. Elas reivindicam a aprovação da Lei de Fortalecimento da Agricultura Familiar e Camponesa, travada na Casa Civil do estado. A lei cria um fundo com 0,5% do orçamento anual do governo estadual para políticas públicas para a agricultura camponesa.

RS

Na manhã desta terça-feira (10), cerca de 800 mulheres camponesas do MST e do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) ocuparam a sede da multinacional israelense Adama, em Taquari, no Rio Grande do Sul. A multinacional Adama é uma das maiores empresas de agroquímicos do Sul do país, na produção de princípios ativos de agrotóxicos para sementes, incluindo o veneno 2,4-D, que estava proibido no Brasil por ser cancerígeno. O 2,4D é um dos principais componentes do agente laranja, usado como arma química no Vietnã.

No final da manhã, as mesmas mulheres ocuparam a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em Porto Alegre. As camponesas seguem no órgão federal até esta quarta, quando saem em marcha pela capital com outras organizações da Via Campesina, em que esperam mais de 5 mil pessoas nas ruas. À tarde, os movimentos sociais da Via terão uma agenda com o governador do estado, José Ivo Sartori (PMDB).

AL

Cerca de 2 mil trabalhadores e trabalhadoras rurais Sem Terra ocuparam na manhã desta terça-feira (10) agências do Banco do Brasil e do Banco do Nordeste, na capital Maceió e no Sertão, nos municípios de Delmiro Gouveia e Piranhas, em Alagoas.

Outros mil trabalhadores rurais Sem Terra do Alto Sertão de Alagoas ocuparam na tarde desta terça parte do canteiro de obras do Canal do Sertão, nas proximidades do município de Inhapi. Os camponeses exigem que a água do canal chegue aos trabalhadores Sem Terra e pequenos agricultores para a irrigação de suas áreas e para toda a população das cidades para o consumo, garantindo que a água do Canal não sirva aos interesses dos latifundiários e de empresas privadas.

Na noite de domingo (8), em Maceió, as mulheres ocuparam a sede da superintendência do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. As camponesas denunciaram o modelo devastador de produção da cana-de-açúcar e a atual intensificação da plantação de eucalipto no estado.

PE

Em Pernambuco, centenas de Sem Terra também ocuparam agências da Caixa Econômica e BNB no estado, nesta terça-feira. As ações dão continuidade às mobilizações iniciadas pelas mulheres no estado. Os camponeses exigem agilidade no Programa Nacional de Habitação Rural (PNHR) e criticam o Programa Nacional de Agricultura Familiar (Pronaf), que não atente nem contempla as necessidades das famílias assentadas.

Na segunda, na capital pernambucana, em Recife, mais de 600 mulheres do MST, da Pastoral da Juventude Rural (PJR), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Levante Popular da Juventude e Marcha Mundial das Mulheres (MMM) ocuparam a sede do Ministério da Agricultura e a Secretaria de Agricultura do Estado.

CE

Em Fortaleza, no Ceará, 500 trabalhadores rurais ocuparam outra agência do BNB, nesta terça. Já na segunda, em Quixeramobim, cerca de 600 mulheres do MST e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Ceará (Fetraece) realizaram uma marcha pelas ruas do município contra o agronegócio e a violência contra as mulheres. Na sequência, as camponesas ocuparam a Assembleia Legislativa, onde homenagearam as diversas lutadoras, em especial, Maria Lima, uma das fundadoras do Movimento no estado. No período da tarde, elas se reunirão para um curso de formação destinado somente às mulheres.

SE

Na cidade de Aracaju, 400 Sem Terra ocuparam uma agência do Banco do Brasil e outra do BNB, nesta terça. No período da tarde, representantes do MST seguem em reunião com os superintendentes dos bancos. Na terça, também na capital, cerca de 600 mulheres do MST, Movimento dos Trabalhadores Urbanos (MOTU), Movimento Camponês Popular (MCP) Síntese, Casa das Domésticas e Marcha Mundial de Mulheres saíram as ruas da capital em comemoração ao dia internacional das mulheres.

DF

No Distrito Federal, nesta terça-feira, cerca de 500 mulheres fizeram ato no Ministério da Agricultura em denúncia ao agronegócio. Na sequência, protestam em frente ao Ministério da Previdência Social. As mulheres lutam por uma previdência social pública, universal e solidária. Por isso, reivindicam o arquivamento da Medida Provisória 664 e 665. Depois ocuparam o Ministério das Cidades, ao exigirem moradia digna. O Programa Nacional de Habitação Rural está travado em diversos estados do país, impedindo que as famílias assentadas consigam avançar neste direito.

Nesta segunda, em Luziânia, entorno de Brasília, cerca de 800 mulheres organizadas pela Via Campesina ocuparam a multinacional Bunge. Segundo as mulheres, a Bunge é uma das empresas transnacionais que representa o capital estrangeiro na agricultura.

Semana passada,  300 camponeses ocuparam a própria Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), onde estava tendo a reunião que liberaria o eucalipto transgênico. A ação foi realizada ao mesmo tempo da ocupação na empresa Suzano/Futura Gene, em Itapetininga (SP).

MA

Mais de 600 Sem Terra ocuparam a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), na capital São Luís, nesta terça. Os Sem Terra pretendem permanecer até quarta-feira (11) no local, quando sairão em marcha até o Palácio dos Leões, sede do governo estadual do Maranhão, onde pretendem apresentar a pauta da Reforma Agrária ao governador.

Na segunda, cerca de 420 mulheres do MST e militantes do Levante Popular da Juventude ocuparam a sede da Empresa Vale, no porto da ponta da Madeira em São Luís (MA), uma área em expansão voltada para atender o mercado da mineração. A ação denunciou os impactos socioambientais provocados pela duplicação do complexo mina-ferrovia-porto. Segundo os Sem Terra, o projeto tem agredido violentamente aos povos e comunidades tradicionais, acampamentos e assentamentos da Reforma Agrária a partir do saque dos bens naturais, desrespeito aos direitos humanos, apropriação, especulação e concentração de terras.

PR

O estado do Paraná com foi palco de diversas lutas protagonizadas pelas mulheres do campo, em várias regiões do estado, nesta segunda-feira (9). Na região centro, cerca de 700 mulheres de diversos assentamentos e acampamentos do MST, do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e da Via Campesina ocuparam a BR-277 junto a praça de pedágio de Nova Laranjeiras. Depois, mulheres também realizaram um ato em frente ao Núcleo Regional da Educação em Laranjeiras do Sul. Outras 200 mulheres do MST ocuparam a prefeitura de Cascavel, oeste do estado, para entrega de pautas como educação, saúde e infraestrutura.

BA

Na Bahia, 6 mil pessoas iniciaram nesta segunda-feira uma marcha rumo a capital Salvador. A marcha saiu de Feira de Santana e percorreu 116 km. Outros 150 camponeses do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) saíram em marcha até a sede do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) na cidade da Vitória da Conquista.

PB

Cerca de 450 mulheres do MST ocuparam na manhã desta segunda-feira (9) o Engenho da Usina Giasa, no município de Pedra de Fogo, na Paraíba. No período da tarde, enquanto os homens ajudavam a montar o acampamento no local, as Sem Terra se juntaram com mulheres de outras organizações e ocuparam a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), em João Pessoa. Ao todo, mais de 650 camponesas participam da ação.

MT

No Mato Grosso, depois de marcharem pelo município de Cáceres na manhã desta segunda-feira (9), cerca de 300 mulheres do MST ocuparam a Fazenda Rancho Verde no mesmo município, a 220 km de Cuiabá.

RN

As mulheres Sem Terra do Rio Grande do Norte ocuparam na manhã desta terça-feira o Incra, em Natal.

Elas reivindicam maior agilidade com relação às famílias acampadas. Muitas já estão acampadas  há dez anos. Exigem ainda infraestrutura, assistência técnica e capacitação técnica para as famílias assentadas.

Na segunda-feira, as mulheres Sem Terra trancaram cinco rodovias, na região de João Câmara. Cada travamento contou com cerca de 200 camponesas.

ES

No Espírito Santo, cerca de 1 mil mulheres de diversas organizações do campo realizaram uma marcha pela cidade de Colatina. Durante a ação, as camponesas bloquearam a rodovia ES-259, em direção à capital. Outras 100 famílias ocuparam a Fazenda Nossa Senhora da Conceição, próximo a Linhares.

PI

Trecho da BR-316, na cidade de Picos, no Piauí, se converteu numa grande escola, chamada “escola do asfalto”, organizada pelo Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e o Levante Popular da Juventude. O objetivo foi denunciar o sucateamento das escolas no campo nos últimos anos, quando foram fechadas mais de 37 mil escolas na zona rural.

MS

Cerca de 200 mulheres do campo e da cidade realizaram um ato unitário em Campo Grande em frente à Casa da Mulher Brasileira. O protesto chamou atenção para a violência contra a mulher. No município de Casa Verde, cerca de 250 pessoas do acampamento local marcharam até a área urbana para reivindicar celeridade na reforma agrária.

TO

No Tocantins, mais de 250 mulheres trancaram a Rodovia Belém Brasília (BR-153), na cidade de Guaraí.

PA

Na Pará, as Mulheres do MST realizam atividades desde o dia 5 de março. Na ocasião, as Sem Terra, junto a outros representantes de movimentos sociais, militantes de partidos de esquerda realizaram um ato público em apoio à Venezuela e o lançamento do vídeo “Meu Amigo Hugo”, do diretor de Oliver Stone, que narra a vida do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, no Cine Olympia, em Belém.

Em Marabá, sudeste do estado, cerca de 300 mulheres do MST realizaram um encontro de formação entre os dias 6 a 8 de março, sobre a realidade das mulheres camponesas nas regiões sul e sudeste paraense. No sábado foi realizada a feira agroecológica numa praça no centro da cidade, com comercialização de produtos produzidos nos assentamentos e acampamentos da região. Neste domingo (8), na capital, as camponesas realizaram junto com outras organizações feministas, uma caminhada pelas ruas contra a violência, por direitos e pelo plebiscito popular.

SP

Na quinta-feira (5), cerca de 1 mil mulheres do MST dos estados de SP, MG e RJ ocuparam a sede da empresa Suzano/Futura Gene, em Itapetininga (SP), com o objetivo de barrar a votação que liberaria o cultivo de eucalipto transgênico no Brasil.

Paralelamente, outras 300 camponeses ocuparam a própria Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) no DF, onde estava tendo a reunião que liberaria o eucalipto.

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