Belíssima prova: Marcos da Terra Indígena são encontrados escondidos em área da Tey’Juçu que estava ocupada por fazenda

marcos da TI na fazenda

Tania Pacheco – Combate Racismo Ambiental

As fotos de Elemir S. Martins têm baixa qualidade, mas importância imensa: são simplesmente os marcos demarcatórios da Terra Indígena Tey’Juçu, encontrados dentro da área retomada domingo, que vinha sendo ocupada por uma fazenda. Segundo ele, quando foram cavar um buraco para erguer uma barraca do acampamento, perto de uma árvore, deram com os marcos, providencialmente enterrados por alguém para esconder a ocupação ilegal. Trata-se de uma prova irrefutável de como se deu e continua a se dar o processo de esbulho das terras indígenas, neste caso através de uma invasão progressiva: “o fazendeiro ao longo do tempo foi roubando mais terra dos indígena de Te’yikue”, diz Elemir.  

Os Guarani Kaiowa da retomada da tekoha Tey’i Juçu, (ou Jusu), na margem da Reserva Tey’ikue Caarapó, vêm sendo atacados diariamente, chegando inclusive a ser previamente informados da hora aproximada da chegada dos jagunços. Num dos ataques, no dia 8 de dezembro, uma adolescente (Julia Venezuela Almeida Guarani Kaiowá) foi baleada, jogada dentro de um veículos e carregada pelos capangas, como no caso do Cacique Anísio. Até agora não há notícia dela. (veja abaixo links para outras notícias a respeito)

Socializando as fotos, Elemir escreveu:

“Retinada di Tekoha (Lugar onde se É) – Tey’Juçu, município de Caarapó, Mato Grosso do Sul

Ndaikatui jakyhyje jaiko. Ani ñambopo’i (temer) kyhy jepe. Jahejarõ kyhyje ogana, ha’e ikatuta ñande mboguevi. Ñaikotevë mbojoaujure ñande mbareteve haguã! Yvy ha teko ha’e ñande mba’e!

Índio é nós: não somos invasores, agimos porque já não dá mais pra aguentar tanta enrolação. Desta vez, a retomada aconteceu no antigo Tekoha Tey’Juçu, onde cerca de 250 indígenas retomaram uma parte da sua terra tradicional, no último domingo, 7, motivados pelo desmatamento realizado pela usina sucroalcooleira Nova América.

Mesmo que os meus parentes são retirados à força de suas terras tradicionais, porém, os nosso raízes continua sempre no nosso território. Mesmo que hoje estejam tomados por fazendas de gado e monocultivo, nossos antepassados lá estão enterrados ou lá morreram assassinados resistindo ao esbulho das terras sagradas.

Direito não se negocia!”

marcos da TI na fazenda 2

Como escreveu Isabel Carmi Trajber, ao enviar esta notícia para Combate Racismo Ambiental,  agora é com o Ministério Público Federal, antes de mais nada. E com quem mais acreditar ainda na Justiça neste País.

Veja também:

Carta de comunidade Guarani Kaiowa Tey’i Juçu Pindo Roky/Tey’ikue-Caarapó-MS

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Informativo Aty Guasu sobre área retomada tekoha Tey’i Jusu

 

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