Exposta a influência negativa da Anglo American nas políticas sobre o clima

LIMA, PERÚ, 8 de dezembro de 2014 – Um novo informe publicado hoje [8 de dezembro] durante as negociações das Nações Unidas sobre as mudanças climáticas expõem que as empresas multinacionais, como Anglo American, minam importantes políticas sobre o clima e promovem falsas soluções, e assim, lucram com a crise climática. [1]

O novo informe examina as atividades da gigante mineradora Anglo American e se foca em uma das maiores minas a céu aberto do mundo: El Cerrejón, em La Guajira, na Colômbia. A empresa britânica-sul africana Anglo American é uma das três empresas acionistas da mina.

A Anglo American lucra com as falsas soluções para a crise climática como o comércio, a captura e o armazenamento do gás carbônico, o que beneficia as grandes empresas e não as pessoas e o ambiente, de acordo com o informe publicado por Amigos da Terra Internacional (ATI), Observatório Europeu de Corporações (CEO) e Transnational Institute (TNI).

A Anglo American segue expandindo o seu modelo empresarial nocivo para o clima com a utilização de fundos verdes, mecanismos de compensação e soluções técnicas duvidosas para conseguir uma imagem ecológica, segundo afirma o informe intitulado “O lobby da Anglo American a favor das energias sujas e falsas soluções para o clima”, que foi lançado hoje em uma conferencia de imprensa durante as negociações do clima em Lima e apresentado na Cúpula dos Povos contra as Mudanças Climáticas, como parte do Dia de Ação para Parar as Corporações na COP20. [2]

Pascoe Sabido do CEO disse: “A Anglo American tem exercido uma forte pressão contra subsídios para as energias renováveis, e assim favorece as energias sujas como o carvão e o gás de xisto. Sabendo que tanto a Anglo como os seus lobistas têm acesso privilegiado aos tomadores de decisões, não restam dúvidas de que estamos a anos luz de termos um acordo justo e ambicioso sobre o clima nas Nações Unidas. Uma das formas na qual a Anglo American exerce pressão a favor de suas falsas soluções para a crise climática é organizando festas com os representantes de nossos governos. Lamentavelmente para as pessoas e para o planeta, os nossos governos prestam atenção aos poluidores empresariais e implementam as suas falsas soluções”.

Lyda Forero do TNI afirmou: “A mineração em El Cerrejón na Colômbia tem provocado grilagem de terras, despejo e escassez de água para La Guajira, na Colômbia, como têm denunciado as comunidades indígenas, camponesas e afrocolombianas. El Cerrejón exporta todo o carvão extraído, deixando para trás violações dos direitos humanos e da natureza”.

No Brasil a Anglo American têm destruído os lugares por onde passa. O seu mineroduto Minas- Rio corta cidades e comunidades dos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro para levar minério de ferro misturado com água até o porto e exportar para a China, causando escassez e poluição das águas, num contexto de seca e falta de água, somado a sérios impactos sociais.  Na semana passada, a comunidade do Turco paralisou a estrada MG 10, próximo ao distrito de São Sebastião do Bom Sucesso em Minas Gerais, como forma de protesto contra o impacto das obras do mineroduto da Anglo American sobre suas moradias. [3]

Segundo Patrícia Generoso, do movimento local Unidos por Conceição: “Em Conceição do Mato Dentro, Minas Gerais a Anglo American destrói Conceição de Mato Dentro com sua mina licenciada com graves falhas e assédio de funcionários do Estado e operação com registro de trabalho escravo, explosão de cachoeira que era referencial de identidade local, desrespeito às comunidades do entorno do empreendimento que foram completamente omitidas dos estudos de seu projeto, mortandade de peixes, entre outras”.

Lucia Ortiz, coordenadora do Programa Justiça Econômica dos Amigos da Terra Internacional, declarou: “Os interesses das empresas como Anglo American estão sem dúvida por cima dos interesses das pessoas nas negociações sobre o clima, e isto é inaceitável. A Anglo American é famosa pelos graves efeitos de suas atividades de mineração insustentável e injusta, a começar por ter beneficiado-se do Apartheid na África do Sul. Enquanto temos noticias terríveis noticias sobre o tufão Hagupit nas Filipinas, lembramos os negociadores que devem urgentemente ouvir as pessoas, e não os poluidores históricos transnacionais cujos interesses ameaçam as soluções sistêmicas para a crise climática”.

Existem soluções para a crise climática, como reduzir drasticamente a poluição e as emissões de gases de  efeito estufa, parar com a extração de combustíveis fósseis e o desmatamento, construir soluções energéticas sustentáveis de base comunitária e transformar nosso sistema alimentar.

Estas soluções estão sendo debatidas na Cúpula dos Povos de Lima [2], onde participam movimentos sociais e ativistas de todo o mundo, entre eles estão os Amigos da Terra Internacional, o Observatório Europeu de Corporações  e o Transnational Institute. Estas organizações se unem aos defensores ambientais e aos movimentos sociais do Peru e do mundo inteiro para participar na Marcha Mundial em Defesa da Mãe Terra, que será celebrada em Lima em 10 de dezembro, Dia dos Direitos Humanos, durante as negociações da ONU sobre o clima.

Amigos da Terra Internacional

Observatório Europeu de Corporações  

Transnational Institute

NOTAS DOS EDITORES

[1] O informe “O lobby da Anglo American a favor das energias sujas e falsas soluções para o clima” está disponível em: ESPANHOL INGLÊS FRANCÊS

[2] Para mais informações sobre a Cúpula dos Povos contra as Mudanças Climáticas em Lima, veja: http://cumbrepuebloscop20.org/

[3] Veja o vídeo: Comunidades de Conceição do Mato Dentro ocupam estrada para denunciar truculência da Anglo American

PARA MAIS INFORMAÇÕES EM LIMA:

Pascoe Sabido, pesquisador e ativista, Observatório Europeu de Corporações (CEO): +51 969 706 938 (em Lima), +32 (0) 4 86 85 74 16 (celular da Bélgica) ou por correio eletrônico: [email protected]

Lyda Forero, pesquisadora do Transnational Institute: +573 10 86 59 826 (celular da Colômbia) ou correio eletrônico: [email protected]

Lucia Ortiz, coordenadora do programa Justiça Econômica dos Amigos da Terra Internacional: +51 991 011 582 (em Lima), +55 48 99150071 (celular do Brasil) ou correio eletrônico: [email protected]

Patrícia Generoso, da UNICON (Unidos por Conceição) em Conceição do Mato Dentro, MG: +55 31 84007046 (celular do Brasil)

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