Velho Chico reage bem às primeiras chuvas da primavera e dá sinais de vida

Na fase mais crítica, água quase desapareceu do entorno das famosas lajes do São Francisco, no Norte de Minas
Na fase mais crítica, água quase desapareceu do entorno das famosas lajes do São Francisco, no Norte de Minas

Chuva forte sobre afluente do São Francisco faz leito do rio subir 70cm em Pirapora, mas curso não voltou ao normal. Para isso, é preciso chover acima da média histórica

Gustavo Werneck – Estado de Minas

O Rio São Francisco trilha um novo curso na sua história. Depois de enfrentar a pior seca em um século, que fez sumirem nascentes e deixar o fundo à mostra, o Velho Chico reage bem às primeiras chuvas fortes da primavera e dá sinais de vida em Pirapora, no Norte de Minas. Segundo o secretário municipal de Planejamento e Meio Ambiente, Célio Cézar Wanderley de Almeida Júnior, o leito subiu até 70 centímetros nos últimos dias, resultado, principalmente, das águas que caíram sobre as cabeceiras do afluente Rio Abaeté. “O aspecto agora é outro, em alguns trechos as pedras estão cobertas, num cenário bem diferente de antes”, disse o secretário.

Mesmo longe do panorama ideal, Célio Cézar diz que já dá para comemorar a mudança no chamado rio da unidade nacional. “Podemos dizer: Viva São Pedro!”, afirmou, lembrando que o São Francisco está começando o processo de recuperação. “Acho que os momentos de angústia passaram, aquele medo todo se dissipou. Vamos esperar pelo maior volume de chuvas este mês para fazermos uma análise melhor da situação, afinal, pode parar de chover de repente”, ponderou. Para satisfação dos ribeirinhos e das autoridades do meio ambiente, o dia de ontem correspondeu às expectativas e nuvens carregadas se mantiveram no céu.

Tendo a histórica Ponte Marechal Hermes como moldura, o “entorno” das famosas lajes do São Francisco volta a se encher, formando piscinas naturais. De acordo com informações da Prefeitura de Pirapora, a vazão do rio se mantém em 140 metros cúbicos por segundo. Para que ele volte ao seu ritmo natural (500 metros cúbicos por segundo), será preciso chover 30% acima da média histórica dos meses de dezembro, janeiro e fevereiro. O secretário recorda que, em janeiro, a vazão chegou a 600 metros cúbicos por segundo.

Além da cheia no Rio Abaeté, que deságua 60 quilômetros antes de Pirapora, outro curso d’água da Bacia do São Francisco dá mostras de vitalidade. Trata-se do Rio das Velhas, que atravessa a Grande BH e se encontra com o São Francisco em Guaicuí, depois de Pirapora. O secretário destaca que as chuvas na Região Central do estado tiveram outra consequência vital para os recursos naturais, que foi acabar com o “efeito esponja” ao longo dos rios. Dessa forma, com a recarga das nascentes e sem o ressecamento do solo, o leito se torna contínuo.

Três Marias

De acordo com informações da Cemig, o volume registrado no reservatório de Três Marias, na Região Central de Minas, é de 4,81%, também muito distante dos meses de seca, quando baixou para 2,18%. Técnicos explicam não haver alterações na liberação de água da represa para o Rio São Francisco, mantendo-se em 120 metros cúbicos por segundo.

A esperança em Pirapora é semelhante à verificada na semana passada no Parque Nacional da Serra da Canastra, no Centro-Oeste de Minas. Com a chuva que se intensificou na região, a principal nascente do Rio São Francisco, localizada na área de preservação, voltou a jorrar um volume expressivo de água. O fato foi comemorado. “Esta nascente nunca tinha secado. Isso é muito ruim, pois um dos motivos de criação do parque foi exatamente a preservação dela. Mas sabíamos que, com a chuva, ela voltaria, como de fato voltou”, explicou o analista ambiental e chefe substituto da Unidade de Conservação, Vicente Faria.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.

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