Reflexão 20 de Novembro: Igualdade de gênero para as mulheres negras ainda parece sonho

Menina Sentada / Cândido Portinari www.portinari.org.br
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A desigualdade para as brasileiras negras é dupla. Além das diferenças em relação aos homens, suas condições de vida se comparadas às das brancas estão longe de serem equivalentes

Por Claudia Belfort, no Ponte

Há um abismo a ser vencido pelas mulheres negras (pretas e pardas) quando se trata de igualdade de gênero no Brasil. Além das diferenças em relação aos homens, suas condições de vida quando comparadas às das brancas ainda estão longe de serem equivalentes. É uma dupla desigualdade.

Mesmo os avanços na realidade socioeconômica das brasileiras registrados entre 2000 e 2010, segundo dados do IBGE, especialmente na educação e na participação no mercado de trabalho, não foram suficientes para trazer a população feminina negra a patamares próximos das mulheres brancas.

Relatório Estatísticas de Gênero – Uma análise dos resultados do Censo Demográfico 2010, produzido pelo IBGE, divulgado recentemente, mostra que elas continuam atrás em renda, escolarização, qualidade do trabalho e saneamento. E as distâncias não são pequenas.

As negras são menos escolarizadas, 6,71% concluíram o ensino superior, enquanto entre as brancas o índice é de 17,7%. O rendimento mensal dessa parcela de brasileiras (R$ 726,85) equivale à metade do das brancas (R$ 1396,32) e a 1/3 do dos homens brancos (R$ 2086,41). A situação se inverte quando se trata de contribuição em relação ao rendimento familiar. As negras entram com 42% contra 39,7% das brancas.

A qualidade do trabalho também é distante, elas são maioria entre as empregadas domésticas, entre as que trabalham sem carteira assinada e minoria entre as empregadoras.

Os dados coincidem com uma pesquisa da professora Maria Rosa Lombardi, da Fundação Carlos Chagas, apresentada no Seminário Gênero, Raça e Pobreza, realizado pela FGV Direito, em São Paulo, na semana passada.

“As mulheres negras estão na base da pirâmide de rendimento nos setores formal e informal afirmou. “O homem negro sofre a discriminação por raça, a mulher sofre por raça e gênero”, completou. Lombardi diz que enquanto a mulher branca precisa provar que é melhor que os homens, a mulher negra antes precisa provar que é melhor que a branca.

Não bastasse tudo isso, enquanto nas áreas urbanas 32,6 milhões de brancas têm acesso a um saneamento básico adequado, esse serviço chega a 24,6 milhões das mulheres negras.

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