‘Racismo fica mais explícito diante da mobilidade social da população negra’

unnamedAnálise das transformações do racismo na atualidade foi feita pela ministra da Igualdade Racial, Luiza Bairros, na abertura do II Diálogo da SEPPIR com a Região Norte

SEPPIR

“Estamos passando por um processo de mobilidade social que não havia sido experimentado pelas gerações que nos antecederam. O racismo, nesse contexto, se tornou muito mais explícito que naquele período”. A análise é da ministra Luiza Bairros (Igualdade Racial), feita na abertura do II Diálogo da SEPPIR-PR com a Região Norte. O evento reuniu representantes dos segmentos relacionados às políticas do órgão federal na Universidade Federal do Tocantins, em Palmas-TO, entre os dias 11 e 13 de novembro.

A Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (SEPPIR-PR) organizou o encontro com o objetivo de dar aos participantes um retorno sobre as demandas colocadas na primeira edição da ação em 2013, e para informar o que foi implementado pelo órgão no período. Participaram da atividade, lideranças do movimento negro, quilombolas, povos e comunidades tradicionais de matriz africana, mulheres e juventude negra, acadêmicos, gestores e gestoras de políticas de promoção da igualdade racial.

“O aparente crescimento da discriminação e do racismo é consequência do fortalecimento do segmento, e não do seu enfraquecimento. O movimento precisa estar à altura dessa tarefa que é o combate ao racismo e da discriminação racial e essa é uma tarefa que não admite pequenez”, continuou a ministra. O discurso da chefe da SEPPIR contribuiu para o debate, que teve avaliações participativas das ações e o levantamento de diretrizes para a próxima gestão da SEPPIR, além de proposições para avançar nas estratégias de fortalecimento dos órgãos de promoção da igualdade racial e das organizações da sociedade civil da região.

Eleições – A participação da população negra (55% dos votantes) nas eleições de 2014, também foi abordada pela ministra. “Nessas eleições, pela primeira vez, fomos para as urnas com uma consciência mais aguda de que somos a maioria do eleitorado. Por outro lado, tivemos uma baixa nas candidaturas negras em todo o país”, afirmou Bairros, destacando como fruto do trabalho da SEPPIR a iniciativa do Tribunal Superior Eleitoral de adotar o quesito cor/raça no cadastro dos candidatos. “Pela primeira vez, o TSE incluiu esse dado e agora teremos reais condições de analisar a participação do negro no processo eleitoral do ponto de vista da desigualdade”, disse.

No que diz respeito aos desafios, Bairros foi enfática: “Os negros são a maioria do eleitorado, decidem a eleição, mas não conseguem eleger parlamentares que trabalhem com a pauta da superação do racismo. Os movimentos sociais precisam apoiar as candidaturas negras, pois o problema não é a falta de candidaturas, mas a taxa de sucesso destas”.

A ministra afirmou ainda, que é necessário pensar nas possibilidades de sustentabilidade das políticas de promoção da igualdade racial e na sustentabilidade institucional dos órgãos que cuidam dessas políticas. “Não podemos esquecer que o combate ao racismo não é exclusividade do movimento negro nem do governo federal. Essa luta exige a atuação cada vez maior de um amplo número de atores da sociedade”, completou.

Ações da SEPPIR – Instrumento fundamental para a institucionalização da Política em todo o país, o Sistema Nacional de Promoção da Igualdade Racial (SINAPIR), foi tema da fala da assessora para Assuntos Federativos, Eunice Léa Moraes, primeira entre as gestoras a apresentar as ações realizadas pelas áreas da SEPPIR. Além de explicar o que é e como se integrar ao Sistema, ela ressaltou a importância da adesão dos entes federados para a implementação efetiva da política.

Histórico

Em maio de 2013, a SEPPIR/PR realizou, em Belém-PA, o evento “Diálogo com a Região Norte”, que teve como objetivo apresentar as políticas e ações do órgão da Presidência da República para representantes de organizações da sociedade civil e gestores de organismos de Promoção da Igualdade Racial do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins. A atividade teve a participação de lideranças dos sete estados da região e de diferentes segmentos do movimento negro, que debateram e expuseram questões de interesse local, reivindicações e sugestões.

O encontro possibilitou a identificação e atualização de demandas do Norte na agenda de promoção da igualdade racial, o estabelecimento de um diálogo mais próximo com as organizações da sociedade civil e com os gestores e gestoras de PIR da região.

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