Funcionários públicos defendem plantador de soja em Buriti

Mayron Régis, por Territórios Livres do Baixo Parnaíba

Os artefatos industriais se extinguem mais rápido do que os artefatos artesanais. O escritor é um artesão. Ele se obriga a escrever. Torna-se praticamente impossível separar o escritor de sua obrigação. Pode passar um tempo, mas ele sempre retorna a ela. Quanto tempo um escritor consegue reter em um livro? Em uma pagina? Em uma frase?

Na real, o que importa saber quanto de tempo se foi e quanto tempo ainda resta? Bartleby, personagem de Herman Melville, respondeu assim aos seus interlocutores “I would prefer not do…” ou “Eu preferiria não fazer…”. “Eu preferiria..,” foi uma resposta educada para uma solicitação de um superior que, se quisesse, poderia demiti-lo. O superior não o demitiu e Bartleby continuou com “Eu preferiria…” até próximo do final do livro.

Acaso Bartleby fosse transposto para o momento atual, o superior o manteria empregado por muito tempo ou o demitiria de imediato? A literatura dá a sensação de que o tempo atravessa vários subsolos antes de adentrar a sala principal. O solo de boa parte das Chapadas e dos Baixões de Buriti Inacia Vaz atende por um nome: fazenda São Bernardo. A família Introvini, proprietária da fazenda São Bernardo, desceu em Buriti um pouco antes de 2005. O André Introvini e o João Gabriel Introvini pelejam para que o Vicente de Paula raspe de sua propriedade de 160 hectares.

Para isso, eles se valem de todos os artifícios, dos legais até os mais sujos. O delegado de polícia de Buriti proibiu o Vicente e seus familiares de roçarem os fundos de sua propriedade porque o Andre alega que comprou essa área. Quando um agricultor familiar não roça o que ocorre? Ele fica sem alimentos para si e para sua família. Sem poder se manter, ele se vê obrigado a vender sua terra. Esse é o plano do Andre que contou ainda com uma pequena ajuda do promotor de justiça de Buriti. Este quis convencer o Vicente de Paula a vender e assim encerrar o confronto.

Bem, até onde se sabe o Estado não deve tomar partido, mas os funcionários públicos em Buriti parecem desconhecer essa premissa e defendem o André abertamente.

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