MTST cobra reformas estruturais no segundo mandato

O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) vai cobrar reformas estruturais no segundo mandato da presidente Dilma Rousseff (PT). O aviso foi dado ontem pelo líder do movimento, Guilherme Boulos, em discurso durante protesto que reuniu quase 12 mil pessoas em São Paulo, segundo a PM. “Queremos reforma agrária, redução da jornada, queremos todas as reformas que o país precisa. E queremos deixar claro que não vamos aceitar que no próximo mandato a presidenta não faça essas reformas, que não governe para os trabalhadores. Foi eleita para fazer essas mudanças e vamos estar na rua cobrando essas mudanças do nosso jeito, com mobilização, com ocupação e com pressão, que é a única forma de esse país mudar.”

Letícia Casado – Valor

Boulos discursou em frente ao Masp, na avenida Paulista, durante a concentração para uma passeata organizada pelo MTST, com apoio do PSOL, da CUT e de movimentos sociais. A candidata derrotada ao Planalto Luciana Genro (PSOL), adversária de Dilma na campanha, e o presidente da CUT, Vagner Freitas, que declarou apoio à presidente, estavam no ato e discursaram. Os manifestantes bloquearam várias vias em protesto contra a “direita”, criticando a “elite” e defendendo “reformas populares” no segundo mandato de Dilma.

A principal bandeira do movimento é a ampliação de moradias populares pelo país, com foco na expansão do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida para a faixa de renda de beneficiários mais pobres – renda familiar de até R$ 1,6 mil. O MTST ganhou dimensão no primeiro semestre deste ano, quando promoveu uma série de protestos nas semanas que antecederam a Copa do Mundo em São Paulo e em outras capitais do país.

A pressão política exercida pelo MTST na época da Copa chamou atenção do governo federal. Em maio, Dilma se reuniu com Boulos e outros líderes no heliponto próximo ao estádio de Itaquera.

Antes de discursar, Vagner Freitas disse a jornalistas que a entidade estava no ato para declarar apoio à presidente e se posicionar contra os “reacionários” que pedem a volta da ditadura e não aceitam o resultado da eleição. No começo deste mês, a avenida Paulista foi palco de ato contra a eleição de Dilma. Segundo Freitas, “o povo votou na reforma política que Dilma se comprometeu a fazer, convocada por um plebiscito”.

Vagner Freitas disse ter conversado nesta semana com Lula e que o ex-presidente lhe afirmou não ter feito indicações aos ministérios de Dilma. “Conversei com o presidente Lula, e ele me disse – e aí não é nenhum tipo de especulação – que jamais faria nenhum tipo de indicação para a presidente Dilma, como ele não aceitou e nem aceitaria que fizessem no governo dele.”

Fontes do PT afirmaram no fim de outubro que o ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, indicou três nomes para o ministério da Fazenda: Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, e Nelson Barbosa, ex-secretário-executivo da Fazenda.

Luciana Genro discursou em tom de oposição ao governo Dilma. “Vamos enfrentar o governo se quiser fazer ajustes” que não sejam benéficos ao povo, disse. Ao encerrar o ato, Boulos disse que, se o governo cortar investimentos na área social, 2015 vai ser “ano vermelho” e “de mobilizações”.

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