Além da falta de terra, os Guarany Kaiowá enfrentam também escassez de água

Expedição Guarani Kaiowa - Aldeia de Pyelito Kue (Mato Grosso do Sul) percursodacultura / Flickr
Expedição Guarani Kaiowa – Aldeia de Pyelito Kue (Mato Grosso do Sul) percursodacultura / Flickr

Representante da Aty Guasu no CONSEA denuncia as violações sofridas por seu povo

Por Beth Begonha, Rádio Nacional da Amazônia

No momento em que o CONSEA realiza mais uma Mesa de Controvérsias sobre terras e territórios em Brasília (DF), os Guarany Kaiowá passam por novos problemas. Agora, além da falta de terra, o que gera escassez de alimentos, enfrentam também a falta d’água, principalmente em suas aldeias urbanas.

Nesta quarta-feira (05), o programa Amazônia Brasileira recebe Sílvio Ortiz, representante da Aty Guasu – Campanha Guarani no Conselho Nacional de Segurança Alimentar (CONSEA). Ele tem seguidamente denunciado as violações sofridas por seu povo. A maioria vive em pequenas áreas onde são constantemente ameaçados por pistoleiros e em situação de miséria. Nas aldeias urbanas, vivem como favelados e trabalham para os grandes produtores de cana da região, recebendo pagamento inferior aos demais empregados não índios, e tendo dificuldade de manter seu sustento. Com o crescimento populacional nessas áreas a falta d’água tornou-se mais uma ameaça à saúde dos Guarany Kaiowá.

Para outros grupos a situação é ainda mais grave e estes vivem “acampados” em barracas, em margens de rodovias esperando a demarcação de alguma terra para onde possam ir e viver em paz, o que infelizmente não tem acontecido, sendo que os que estão ocupando alguma área onde há mata, ainda que residual, têm sido constantemente assediados para sair. Mas sair para onde?

Recentemente a Comunidade de Pyelito Kue lançou carta aberta na qual avisa que se receberem ordem para sair da pequena área onde estão preferem ser mortos e enterrados lá mesmo onde estão, e consideram ser seu território tradicional. Na carta afirmam que ao invés de sair preferem que sejam enviados caixões para que sejam enterrados ali onde estão enterrados seus ancestrais.

Silvio Ortiz fala da importância do CONSEA e dessas rodas de debate e diz que providências urgentes precisam ser tomadas em relação a esse povo para respeitar os Direitos Humanos, e garantir sua integridade física dentro do estado do Mato Grosso do Sul.

Ao final da entrevista, Ortiz faz um apelo à sociedade para que se envolva na causa pedindo providências ao governo para que essa situação não venha se agravar ainda mais, já que nos últimos anos tem aumentado os casos de desnutrição infantil, morte de bebês e também os casos de suicídio entre os jovens. No caso dos suicídios, ele alerta para a necessidade da criação de políticas de longo prazo que possam trazer perspectivas de futuro. Segundo o conselheiro, há anos os Guarany Kaiowá têm vivido de políticas emergenciais.

O programa Amazônia Brasileira vai ao ar de segunda a sexta-feira a partir das 08h na Rádio Nacional da Amazônia, em rede com a Rádio Nacional do Alto Solimões, onde é transmitido ao vivo às 05h. A apresentação é de Beth Begonha.

Ouça a entrevista aqui.

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