Itabirito, MG – Trabalhadores que foram resgatados na construção da fábrica da Coca-Cola devem ser contratados

trabalho_escravo02Decisão ocorreu depois que grupo foi retirado de situação degradante

Por Daniel Polcaro, em O Tempo

Os trabalhadores resgatados nessa sexta em regime análogo à escravidão na construção da nova fábrica da Coca-Cola, em Itabirito, na região Central do Estado, devem ser registrados em nome da Matec Engenharia, contratada pela empresa de refrigerantes. A decisão saiu após reunião realizada nesta sexta na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego em Minas Gerais (SRTE-MG), na capital. Os fiscais identificaram que a Matec terceirizou a contratação desse grupo com o empreiteiro Kelvison Pereira da Costa, configurando uma irregularidade.

Dos 39 nordestinos identificados em situação degradante, 26 não querem continuar trabalhando e pediram auxílio para viajar de volta até Sergipe. Essa e outras questões serão tratadas em nova reunião marcada para a próxima segunda-feira, às 14h. “Existem questionamentos sobre valores da rescisão de contrato que devem ser solucionados”, observou o auditor fiscal Francisco Teixeira da Costa.

Em nota, a Matec Engenharia informou que arcará com a contratação dos 39 funcionários e que garantirá os direitos dos trabalhadores. A empresa, com sede em São Paulo, também prometeu custear a hospedagem do grupo em Itabirito, mas não informou se forneceu alguma ajuda financeira. A reportagem confirmou que 28 trabalhadores estão em um hotel por conta da Matec.

Segundo Costa, a empresa onde os trabalhadores foram registrados não tem idoneidade econômica nem técnica (Kelvison Pereira da Costa). “É uma terceirização ilícita. Eles terão que ser registrados em nome da Matec”, revelou Costa. A reportagem não conseguiu contato com Kelvison Pereira da Costa por meio de um telefone fixo que consta na internet.

Expectativa. Os funcionários tiveram as carteiras de trabalho retidas assim que chegaram a Itabirito. A promessa era receber salários que variavam de R$ 1.170 a R$ 1.360, mas todos tiveram que arcar com cerca de R$ 500 para viajar até Minas. O grupo dormia em um alojamento precário, sem acesso à água potável e à alimentação adequada.

Situação
Parentesco.
Um dos resgatados é parente do empreiteiro da obra e continuaria a atuar pela terceirizada, segundo o Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção de Belo Horizonte e Região.

Flash
Contrato.
A fabricante da Coca-Cola no país, FEMSA Brasil, informou desconhecer as condições dos trabalhadores e exigiu esclarecimentos da Matec Engenharia. Em nota, a FEMSA disse que os contratos com os prestadores de serviço têm cláusulas que garantem cumprimento “das condições ideais de trabalho”.

Secretaria também pode ajudar

A Secretaria de Assistência Social de Itabirito se prontificou a ajudar o grupo, mas informou que ainda não havia sido acionada. Segundo a pasta, de todos os casos que lá chegam, um terço das pessoas pede para voltar à terra natal. O maior número de pedidos se refere ao município de Paulo Afonso, na Bahia.

“Verificamos o que ocorreu (nesse tipo de caso) e acionamos as secretarias adequadas para responsabilizar as empresas”, disse a secretária de Assistência Social de Itabirito, Jussara Vieira.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.

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