Reportagem preconceituosa e anti-indígena concorre a Prêmio Esso

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Luana Luizy- Assessoria de Comunicação (Cimi)

Após publicar série de reportagens discriminatórias contra os Guarani da Terra Indígena, Morro dos Cavalos (SC), o jornal Diário Catarinense foi indicado a concorrer o 59° Prêmio Esso de Jornalismo, pela reportagem “Terra Contestada”, divulgada entre os dias 7 a 11 de agosto.

Em um especial dividido em cinco partes, os jornalistas afirmam que os indígenas Guarani são o principal empecilho e responsáveis pelo atraso nas obras de duplicação da BR-101- rodovia que corta a terra indígena- e que a não-duplicação da BR gera atrasos e impactos na economia. “Não somos contra a duplicação, mas queremos entender como isso vai acontecer, pois a terra indígena é nossa casa”, apontou durante visita em Brasília, a cacique Eunice Guarani de Morro dos Cavalos. Esta semana a cacique enviou um ofício ao Ministério Público Federal pedindo direito de resposta, mas até o momento o MPF não se manifestou.

Com argumentos levianos, os jornalistas constroem um discurso preconceituoso e discriminatório ao dizer que a luta pela demarcação do território Guarani é conduzida por “agentes externos”, desconsiderando assim, o protagonismo dos indígenas pelo reconhecimento de sua terra.

A reportagem usa como fonte o antropólogo, Edward Luz, banido da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), principal instituição científica do país na área e não se dispôs a ouvir a cacique da aldeia ao contar a versão dos indígenas, mas o Guarani, Milton Moreira, que não mora no território e cujos argumentos são desmentidos pelos moradores da região.

O desserviço ao jornalismo também é visível ao desconsiderar os verdadeiros interesses econômicos de especuladores interessados na Terra Indígena, Morro dos Cavalos, o território ainda hoje aguarda pela homologação da presidência da República.

O direito à comunicação e informação com qualidade é um dos pilares da democracia, tal como previsto na Constituição, a postura parcial do veículo confunde o leitor que não tem familiaridade com o assunto.  Assumir a comunicação como direito humano significa reconhecer o direito de todas as pessoas de ter voz e de se expressar, princípio ético que a reportagem viola ao não escutar os indígenas da TI Morro dos Cavalos. Não é de hoje que a campanha anti-indígena vem sendo colocada em prática pelo jornal contra o povo Guarani.

Se você acha que a reportagem não merece esse prêmio, escreva: “ESSO NÃO! Sou contra premiarem reportagens anti-indígenas!” 

E envie para e-mail para: [email protected]

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