Defensora de direitos da população LGBT denuncia perseguição promovida por grupos neonazistas

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Na semana que marca o dia nacional da visibilidade lésbica (29 de agosto), a Campanha Somos Todxs Defensorxs conta a história da defensora que vem sofrendo ameaças de um grupo homofóbico no Piauí

Plataforma Dhesca – Marinalva Santana tem 43 anos e é natural da cidade de São Raimundo, interior do Piauí. Mudou-se para a capital Teresina ainda na infância acompanhada da família e do sonho de uma vida melhor. A biografia da mulher nordestina que perfila o segundo vídeo da Campanha Somos Todxs Defensorxs poderia ser uma história comum a tantas outras se a personagem não “cometesse” a ousadia de sendo mulher amar e desejar uma igual. Ousadia de, sendo mulher e lésbica, afirmar e defender a equidade de direitos para todos e todas independente da identidade de gênero ou da orientação sexual.

A vida daquelas que contrariam a heteronormatividade estabelecida a qual impõe um só modo de vivenciar o afeto e o desejo é marcada desde cedo por negações e percalços. “Nós que somos lésbicas, gays, travestis, vivenciamos o lado cruel da discriminação desde muito cedo, a primeira violência é na própria família”, conta Marinalva lembrando da relação conflituosa com os irmãos na adolescência, época do aflorar dos desejos e paixões. Não bastasse a discriminação na família, na escola, na comunidade, a população LGBT sofre ainda com o descaso do Estado que, conforme sua função, deveria servir a todos/as os/as cidadãos/ãs igualmente. Na prática, a equidade de direitos, base do regime democrático, está longe de ser garantida. As mulheres lésbicas continuam tendo acesso diferenciado aos sistemas de saúde e educação, aos direitos civis (como o casamento e a adoção) e à segurança pública. No caso de Marinalva, a luta por esses direitos fundamentais ecoou em mudanças importantes e algumas conquistas pelo caminho, mas também fez ecoar represálias e ódio.

Desde o início deste ano, Marinalva passou a ser alvo de perseguição de um grupo com características neonazistas autointitulado “Irmandade Homofóbica”. Certo dia, teve o facebook invadido por uma mensagem com os dizeres: “tu vais morrer”. Esse foi um dos tantos episódios de perseguição aos militantes do Grupo Matizes
, entidade fundada em 2002 para lutar pelos direitos humanos da população LGTB da qual Marinalva faz parte. Diante do ódio e da tentativa de amedrontá-la, Marinalva segue firme na convicção de que a democracia só é possível se houver equidade de direitos:

“A democracia não se concretiza com a opressão da maioria com relação aos grupos minoritários. A democracia se concretiza na medida em que todos os grupos sociais com suas especificidades são respeitados e considerados sujeitos de direitos”, afirma.

Somos todxs Marinalva Santana

O objetivo da campanha Somos Todxs Defensorxs é dar visibilidade a casos de criminalização de defensoras e defensores, chamando a atenção para os processos de coerção e de violação de direitos de comunidades inteiras e seus porta-vozes, procurando fortalecer a sociedade civil e politizar o debate a respeito da perseguição violenta destes grupos sociais. 

A campanha é uma realização de Plataforma de Direitos Humanos – Dhesca Brasil, Movimento Nacional de Direitos Humanos, Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, Justiça Global com apoio do Fundo Brasil de Direitos Humanos.

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