Neta da primeira presidenta das Avós da Praça de Maio é encontrada

Avós da Praça de Maio continuam lutando para encontrar netos desaparecidos durante a ditadura
Avós da Praça de Maio continuam lutando para encontrar netos desaparecidos durante a ditadura

Natasha Pitts – Adital

A Associação das Avós da Praça de Maio divulgou ter encontrado a 115ª neta desparecida durante a ditadura militar argentina. Filha de Héctor Carlos Baratti e Elena De la Cuadra, Ana Libertad, vive em um país europeu, onde fez o exame de DNA de maneira voluntária. Ela é neta de Alicia “Licha” Zubasnabar de la Cuadra, uma das fundadoras da Associação, falecida em junho de 2008.

“É imensa a felicidade que nos acomete ao comunicar a restituição de outra neta a tão poucos dias do último neto encontrado. Agradecemos a todos aqueles que fazem eco a essa notícia e reiteramos a importância que significa para o processo de restituição o trabalho responsável dos meios, respeitando a intimidade das vítimas e os dados sensíveis, para que as investigações judiciais cheguem a ser concretizadas”, manifestaram as Avós em coletiva de imprensa. No início de agosto, a Associação divulgou ter encontrado Ignacio “Pacho” Hurban, neto de Estela de Carlotto, atual presidenta da entidade.

A filha de Licha Zubasnabar estava grávida de cinco meses quando foi sequestrada pela polícia bonaerense, em 23 de fevereiro de 1977, em La Plata. Elena e Héctor militavam no Partido Comunista Marxista Leninista (PCML). Ambos ficaram detidos na 5ª Delegacia de La Plata, onde, segundo testemunhas, Elena deu à luz a uma menina, no dia 16 de junho de 1977. A criança recebeu das Avós o nome de Ana Libertad e, hoje, está em processo de recuperação de sua identidade.

Sabe-se que Héctor foi assassinado, pois seus restos mortais foram identificados pela Equipe Argentina de Antropologia Forense, mas Elena continua desaparecida. Sua mãe também sofreu com o desaparecimento de outro filho, Roberto José. Licha lutou pelo aparecimento de seus entes queridos até o último dia de sua vida.

O processo começou em 2010, quando a Associação e a Comissão Nacional pelo Direito à Identidade (Conadi) recebeceram uma denúncia com informações sobre uma jovem que poderia ser filha de desaparecidos. Após investigação documental, o caso foi enviado pela Conadi à Unidade Especializada em casos de Apropriação de Crianças durante o Terrorismo de Estado, da Procuradoria Geral da Nação. Esta unidade realizou investigação preliminar que, em agosto de 2013, foi enviada a um tribunal federal solicitando a coleta de sangue. Ao saber do processo, a jovem entrou em contato com as Avós para realizar, voluntariamente, o teste de DNA.

A coleta do sangue foi feita em abril deste ano por meio do consulado do país em que reside, e foi recebida pela Direção de Direitos Humanos da Chancelaria para ser remetida ao Banco Nacional de Dados Genéticos (BNDG). A amostra chegou à Argentina no último dia 08 de maio e, na semana passada, o Banco informou que a jovem, realmente, é filha de Elena de la Cuadra e Héctor Baratti.

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