MAB – A Norte Energia concluiu o cadastro de 7.790 famílias atingidas pela barragem Belo Monte na área urbana de Altamira. Ser cadastrado pela empresa é o primeiro passo para garantir o direito a uma casa no reassentamento. Porém, muita gente ficou de fora desse cadastro!
São pessoas que: ao saberem que seriam atingidas, desistiram de construir moradia própria e ficaram de aluguel ou agregadas; que construíram logo após o cadastro; que estão em áreas alagadiças nunca identificadas; ou mesmo que, na condição de família agregada, não foram consideradas na hora do cadastro.
Agora a Norte Energia está dizendo que “a prioridade é a mudança das famílias cadastradas”. Ela se recusa a se responsabilizar pelas demais e já chegou a chamar essas famílias de “telhas-brancas” (oportunistas). Ela desconsidera o quanto essas ocupações são motivadas pelo próprio processo de construção de Belo Monte, com o aumento do preço dos alugueis por causa da barragem decorrente da migração por busca de trabalho na obra.
As mudanças das famílias cadastradas já estão acontecendo. A Norte Energia se apressa porque sabe que não conseguirá sua licença de operação se não remover todas as famílias do cadastro. As famílias sem cadastro, porém, são invisíveis para a empresa e para os órgãos licenciadores. Elas correm o risco de ficar para trás e ter de sair com a água do lago invadindo suas casas.
Essa situação parece improvável para você? Pois na história da construção de barragens no Brasil, outros lagos já encheram com pessoas morando nas áreas, como na construção da barragem de Santo Antônio, em Rondônia Estreito, no Tocantins e Castanhão, no Ceará, entre outras.
Por isso nós, famílias participantes do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), convidamos todos a apoiar nossa luta. Queremos ser reconhecidos como atingidos por Belo Monte! Queremos reassentamento para todos os atingidos!