Oceanos estão se tornando uma sopa cheia de plásticos

Créditos da foto: Esquerda.Net
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Oceanos estão lentamente se tornando uma espécie de sopa cheia de partículas plásticas microscópicas, passando para cadeias alimentares de todo o mundo

Jéssica Lipinski, Instituto CarbonoBrasil

Um estudo publicado na última semana por cientistas espanhóis no periódico Proceedings of the National Academy of Sciences afirma que os oceanos estão lentamente a tornar-se uma espécie de sopa cheia de partículas plásticas microscópicas, passando para as cadeias alimentares de todo o mundo.

De acordo com a investigação, que avaliou 3.070 amostras, o problema já atingiu uma escala global, e os principais resíduos encontrados no oceano são polietileno e polipropileno, polímeros usados na fabricação de produtos como sacos plásticos, embalagens de alimentos e bebidas, utensílios de cozinha e brinquedos, entre outros.

“As correntes oceânicas carregam objetos plásticos que se quebram em fragmentos cada vez menores devido à radiação solar. Esses pedaços pequenos, conhecidos como microplásticos, podem durar centenas de anos e foram detetados em 88% da superfície oceânica analisada”, comentou Andrés Cózar, pesquisador da Universidade de Cádiz.

“Esses microplásticos têm uma influência no comportamento e na cadeia alimentar dos organismos marinhos. Por um lado, os pequenos fragmentos muitas vezes acumulam contaminantes que, se engolidos, podem ser passados aos organismos durante a digestão; sem esquecer das obstruções gastrointestinais, que são outro dos problemas mais comuns desse tipo de resíduo”, explicou Cózar.

“Por outro lado, a abundância de fragmentos plásticos flutuantes permite que muitos organismos menores naveguem neles e colonizem lugares que não teriam acesso. Mas provavelmente, a maioria dos impactos que está a ocorrer devido à poluição plástica nos oceanos ainda não é conhecida”, concluiu o cientista.

Alguns países empenhados em acabar com a proliferação dos resíduos plásticos estão a começar pelos sacos. Nos Estados Unidos, em muitos estados eles já não são utilizados, sendo substituídos por sacos reutilizáveis, biodegradáveis e de papel.

Nações insulares, como o estado de Yap, na Micronésia, que têm grande parte da sua economia baseada no turismo do mergulho e sofrem com a poluição causada pelo plástico, foram mais longe eresolveram banir o seu uso. Os comerciantes que distribuírem os famigeradas sacos terão que pagar multas de 100 dólares por violação.

A União Europa também pretende tomar medidas duras. Novas regras preveem uma redução de 80% no uso de sacos plásticos até 2019. Na França, um projeto de lei em discussão visa acabar com eles já em 2016, sendo que o país já tem uma taxa de 6 centavos de euro para cada saco utilizado pelos consumidores.

Campanha

Três de julho é o Dia Internacional Sem Sacos Plásticos, e a campanha Bag Free World, lançada neste ano para celebrar a data, ressalta o perigo que trazem à biodiversidade e ao meio ambiente.

A campanha conta com a participação de políticos e celebridades, como Joachim Steiner, diretor do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), e Jeremy Irons, ator britânico.

“Há zero justificações para ainda os fabricar, em qualquer lugar”, declarou Steiner no website da Bag Free World.

Já Irons afirmou que “as pessoas ainda não estão conscientes da seriedade do problema do uso de sacos plásticos. Espero que o filme Trashed [de 2012, produzido pelo ator] permita que as pessoas tenham uma visão desse problema bastante curável, mas global. [O problema] não será resolvido sem a vontade comum e política para fazê-lo.”

No site da campanha, estão disponibilizadas diversas informações sobre a utilização dos sacos plásticas e do seu impacto nos ecossistemas. Por exemplo, embora em média eles sejam usados por apenas 25 minutos, levam entre 100 e 500 anos para se desintegrarem, dependendo do tipo de plástico.

Eles também prejudicam a biodiversidade, principalmente oceânica, já que muitos animais frequentemente ingerem pedaços de sacos plásticos deitados fora, o que os faz sufocarem e morrerem. Segundo o PNUMA, entre 50% e 80% das tartarugas marinhas encontradas mortas apresentam nos seus estômagos fragmentos de sacos plásticos.

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