Nota da Aty Guasu sobre a violação dos direitos indígenas pela Justiça e pelo governo do Brasil

Aty Guasu no interior da Casa de Reza. Foto: Tania Pacheco
Aty Guasu no interior da Casa de Reza. Foto: Tania Pacheco

Aty Guasu

Essa nota da Aty Guasu dos povos indígenas do Mato Grosso do Sul visa destacar a continuidade da violação de direitos indígenas promovida pela justiça brasileira e pelo governo do Brasil em 2014.

Frente à notícia de prisão da liderança Babau Tupinambá, as lideranças dos povos indígenas do Estado de Mato Grosso do Sul relembram dos fazendeiros assassinos das lideranças indígenas do MS que estão livres, sem julgamento, sem punição, sobretudo se encontram em liberdade, explorando as terras indígenas já declaradas pelo governo, sendo protegidos pelo poder político e econômico.

Claramente a justiça do Brasil não investiga e nem julga os assassinos das lideranças indígenas. Por quê? Mas justiça manda atacar e prender injustamente as lideranças indígenas.

Durante a 2ª Sessão da audiência Pública de Violações de Direitos Indígenas lideranças recordarmos a trajetória de luta e de vida de todos os heróis indígenas que lutaram e morreram pela recuperação das terras indígenas. Foram assim mencionados os nomes da maioria das lideranças Guarani e Kaiowá assassinadas pelos fazendeiros no contexto da luta pela demarcação de terras indígenas tradicionais. Os fazendeiros assassinos confessos não estão presos e nem são julgados. Veja abaixo transcrito:

Em 1983, o líder Marçal Tupã’i foi assassinado pelos fazendeiros.
30 anos do assassinato de Marçal de Souza – Tupã’i – crime prescreveu; assassinos estão soltos,

Em 2001, liderança Samuel Martins foi assassinada pelos fazendeiros.
13 anos do assassinato de Samuel Martins – os mandantes fazendeiros e assassinos estão livre e sem julgamento.

Em 2003, liderança Marco Veron foi assassinado pelos fazendeiros.
11 anos do assassinato de Marcos Veron – mandante fazendeiro Jacinto Honorio sem julgamento e está livre, continua financiando a ameaça de morte das lideranças.

Em 2005, líder Dorival Benites pelos fazendeiros. 
8 anos do assassinato de Dorvalino Rocha – os mandantes fazendeiros e assassinos sem julgamento, continuam financiando a ameaça de morte das lideranças. 

Em 2007, rezadora Churite Lopes foi assassinada pelos fazendeiros.
7 anos do assassinato de rezadora Churite Lopes e Ortiz Lopes – assassinos sem julgamento, os fazendeiros continuam financiando a ameaça de morte das lideranças.

Em 2009, o Genivaldo e Rolindo Vera foram assassinados pelos fazendeiros.
4 anos do assassinato de Rolindo Vera e Genivaldo Vera – assassinos sem julgamento, os fazendeiros continuam financiando a ação de genocídio e a ameaça de morte das lideranças.

Em 2011, Teodoro Ricardi foi Assassinado pelos fazendeiros.
3 anos do assassinato de Teodoro Ricardi – assassinos sem julgamento

Em 2011, a liderança Nizio Gomes foi assassinado pelos fazendeiros.
2 ano do assassinato de Nizio Gomes – assassinos sem julgamento, os fazendeiros continuam financiando a ameaça de morte das lideranças. 

1 anos do desaparecimento de Eduardo Pires – buscas nunca foram feitas

1 anos de assassinato de menino Denilson Barbosa pelo fazendeiro Orlandino, o fazendeiro confessou “eu matei o índio” e está livre, esse assassino sem julgamento.

30 de maio de 2014, vai completar um ano de assassinato de Oziel Terena, assassino sem julgamento.

VÁRIOS INDÍGENAS GUARANI E KAIOWA FORAM ATROPELADOS PELOS FAZENDEIROS, NENHUM ASSASSINO ESTÁ SENDO INVESTIGADO E PUNIDO PELA JUSTIÇA 

A COMUNIDADE GUARANI E KAIOWA DE APYKA’I PODE SER DESPEJADA PELA POLÍCIA FEDERAL EM QUALQUER MOMENTO.

Nós, lideranças dos povos indígenas, Terena,Kinikinauwa, Ofaie, Guató, Kaiowá e Guarani, reunidos em mais uma Aty Guasu (Grande Assembleia), entre os dias 24 e 26 de abril de 2014, na audiência Pública, município de Dourados, com mais de 400 representantes de nossas comunidades, avaliamos a posição e ação da justiça brasileira contra os povos indígenas, concluímos que a justiça e o governo brasileiro estão praticando genocídio formal contra os indígenas. Por isso denunciamos mais uma vez a toda a sociedade nacional e internacional a situação de violência pela qual passaram e ainda passam nossos povos e lideranças indígenas do Brasil. Pedimos à justiça a punição aos fazendeiros assassinos. Visto que na última semana em vez de punir e julgar os assassinos dos líderes indígenas a JUSTIÇA DO BRASIL ESTÁ MANDANDO atacar e PRENDER AS LIDERANÇAS INDÍGENAS. ESSA É INJUSTIÇA TOTAL CONTRA OS POVOS INDÍGENAS.

ATY GUASU LUTA CONTRA O GENOCÍDIO

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