Comunidades relatam à promotoria problemas causados pela FERBASA

reunião FerbasaPor CPT Bonfim

A Promotoria de Justiça Especializada em Meio Ambiente, Regional de Jacobina, sob a titularidade de Pablo Antônio Cordeiro de Almeida, realizou na última terça-feira, 15/04, no Salão do Tribunal do Júri do Fórum da Comarca de Campo Formoso-BA, uma Audiência com as comunidades de Brejo Grande, Limoeiro e Santo Antonio, a Comissão Pastoral da Terra Centro Norte, representante da CPT Regional Bahia e Sergipe e do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura Familiar de Campo Formoso. No encontro foram relatados os problemas que as comunidades têm enfrentado nos últimos tempos em razão da atividade de mineração da empresa FERBASA.

Dentre os principais impactos, as pessoas relataram os danos causados aos sistemas hidrológicos, seja pela extinção de rios e muitas nascentes aterradas pela mineradora, ou destruídas por causa do desmatamento e pela contaminação por substâncias químicas utilizadas na mineração. A situação é de total insegurança em relação à água, que é distribuída de forma bruta, sem tratamento para a população, que teme que existam resíduos tóxicos nestas águas, pois, estão localizadas em área onde era realizada exploração mineral, a exemplo do povoado de Santo Antônio, e outras que são abastecidas com a água do corte 40 da FERBASA, distribuída pela empresa CEMANSA, que mesmo se tratando de uma água imprópria para o consumo, cobra caro por ela.

Além de terem perdido suas fontes de água, perderam também suas terras para a empresa, a exemplo da comunidade do Limoeiro que encontrou dificuldade até mesmo para ampliar o seu cemitério. Alguns moradores do Brejo Grande, que mantiveram suas propriedades, estão sendo prejudicados pelo fato da FERBASA ter danificado a estrada que ligava o Brejo Grande a Lagoa Grande, por onde os(as) agricultores(as) tinham acesso às suas roças até mesmo de bicicleta, hoje precisam percorrer cerca de 30 quilômetros pela região da comunidade do Santo Antônio.

Sofrem ainda, com problemas de saúde que acometem as pessoas locais em razão da poeira, com rachaduras nas casas devido às detonações da mina, com a poluição sonora e outros transtornos ocasionados pelo tráfego intenso de tratores e caçambas que carregam os rejeitos da empresa.

As comunidades queixam-se também que em novembro de 2012, a FERBASA se comprometeu publicamente, em reunião com as três comunidades, a reparar alguns danos gerados, mas até o momento nada foi feito. Reclamam ainda que não há nenhum investimento da empresa nos aspectos sociais e tampouco existe o real compromisso desta em reparar os impactos ambientais causados pelo empreendimento na região.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Thomas Bauer.

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