Luiz Henrique Eloy: Advogado Terena de MS fará inédita defesa de mestrado em área de retomada

Luiz Henrique Eloy, em solidariedade à comunidade Ivy Katu. Arquivo familiar
Luiz Henrique Eloy, em solidariedade à comunidade Ivy Katu. Arquivo familiar

Por Aliny Mary Dias, Campo Grande News

Pela primeira vez no país, uma área de retomada indígena será palco de uma defesa de mestrado, a façanha será em Mato Grosso do Sul, em Taunay Ipegue, distrito de Aquidauana. O autor do projeto é o advogado Luiz Henrique Eloy, de 25 anos, terena, nascido na aldeia Ipegue. Já conhecido no Estado por defender as causas que envolvem os impasses nas demarcações de terras indígenas, agora o advogado movimenta a aldeia e até estrangeiros irão acompanhar a defesa.

Marcada para a próxima quinta-feira (13), a apresentação da tese [sic] para a banca examinadora será o desfecho de dois anos de trabalho. Tudo começou sob orientação do professor e historiador Antônio Brand, referência internacional em relação aos territórios indígenas e falecido em setembro de 2012.

“O professor Brand orientou meu pré-projeto e a primeira fase da pesquisa, ele me incentivou a fazer a defesa em área de retomada. É um momento inédito porque a academia sai dos muros da universidade e vai para o campo da pesquisa”, explica Luiz.

Com o tema “Poké’exa ûti – O território indígena como direito fundamental para o etnodesenvolvimento local”, o trabalho abrange questões sobre a demarcação de terras indígenas e os entraves jurídicos, principalmente em áreas terenas de Mato Grosso do Sul.

A defesa do projeto movimenta a área da antiga Fazenda Esperança, batizada como Retomada Esperança. Além dos três professores doutores em direito que irão fazer parte da banca, alunos do mestrado da UCDB (Universidade Católica Dom Bosco) e outros 20 estrangeiros que cursam mestrado em uma parceria da universidade com uma instituição da Europa acompanharão a apresentação.

Também são esperados representantes da Funai (Fundação Nacional do Índio) e do MPF (Ministério Público Federal). Com tantos não-índios na aldeia, a comunidade que hoje soma 70 famílias prepara uma festa.

“Eles receberam com muita alegria, estão construindo um galpão de palha onde será feita a defesa. Já houve defesas de mestrado em aldeias, mas em uma área de retomada é a primeira vez, eu estou nervoso, mas vai dar tudo certo”, completa o advogado que já tem planos de fazer doutorado na UNB (Universidade Nacional de Brasília) no ano que vem.

Terra Taunay Ipegue – Atualmente com 6,4 mil hectares, a terra Ipegue é motivo de uma antiga luta entre fazendeiros e indígenas. Reconhecidas como terra indígena, são mais de 30 mil hectares. A antiga Fazenda Esperança, onde hoje vivem 70 famílias, continua sendo de posse indígena por força de uma decisão da Justiça Federal em São Paulo.

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