A reunião realizada na Fetaema foi marcada por muita indignação
Ganha dimensão ampla no Maranhão, os conflitos agrários proporcionados por empresários rurais, grileiros aliados ao governo estadual e políticos. Eles têm maior intensidade em áreas quilombolas. Hoje, lideranças integrantes das Associações Quilombolas de São Caetano, Imbiral, Bom Jesus e Graça, localizadas no município de Matinha, estiveram reunidas na Fetaema com as Secretárias Agrária e de Mulheres Lucia Vieira e Lina Soares e o assessor jurídico Diogo Cabral.
Vieram denunciar as tensões cada vez mais fortes e que podem resultar em confrontos sérios. O vereador José Orlando dos Santos, Secretário Agrário do Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Matinha, denunciou que criminosamente estão colocando cercas elétricas em campos naturais para o plantio de capim e criação de búfalos. O mais grave é que nas áreas em que vivem centenas de famílias passaram a colocar veneno em riachos e áreas de plantios, o que tem ocasionado mortes de peixes e aves, como tentativas para inviabilizar a subsistência de quilombolas e forçá-los a deixar as suas posses centenárias.
As comunidades acusam os grileiros Hilton Gomes e outro conhecido como Franco, por todos os problemas que vêm sendo causados, inclusive colocando em risco a vida de centenas de pessoas com as cercas elétricas e o veneno.
Eles responsabilizam o Incra e o Iterma pela problemática, uma vez que protelam a regularização fundiária de várias comunidades quilombolas, o que proporciona a audácia dos elementos ligados a políticos e bem próximo das duas instituições que têm o dever de encontrar uma solução para todos os casos de regularização fundiária.
Depois de uma ampla discussão e análise da real situação, as secretárias Lucia Vieira e Lina Soares e o advogado Diogo Cabral com as lideranças decidiram ter um encontro com as direções do Iterma e do Incra em busca de uma solução imediata para os conflitos, cobrando providências urgentes para que sejam retiradas as cercas elétricas de campos naturais e análise de algumas áreas que receberam veneno.
Eles entendem que é um caso sério para ser investigado pelas autoridades policiais e ambientais, antes que sejam registradas vítimas fatais. As lideranças quilombolas deixaram registrado que estão evitando confrontos, mas se houver pessoas prejudicadas pelas práticas criminosas com a utilização de cercas elétricas e veneno, não hesitarão em dar o troco e seja o que Deus quiser, salientaram eles, bastante indignados.
A verdade é que fatos dessa natureza continuam ocorrendo no Maranhão com a conivência dos poderes constituídos e articulações marcadas por interesses políticos eleitorais.