por Marcos Romão – Geledés
Mulher negra que discriminada, chora e sente vergonha.
Homem negro que é comparado à macaco por uma multidão em estádio e permanece jogando.
Estes são alguns exemplos da maléfica “Escola de Racismo no Brasil”.
Mulheres e homens negros aprendem de suas famílias que são pessoas humanas e dignas e só descobrem nas ruas e nas escolas e universidades que são um zero à esquerda. Não humanos, são macacos, peças, tapetes para se pisar em cima e moleques de recado que só podem falar “sim senhor” e quando convocados.
Está mais que na hora de se criar uma “Escola de Alerta Anti-Racismo”.
No episódio da manicure, graças aos céus, as colegas reagiram para socorrer a colega em estado de choque pela discriminação.
No caso de Tinga, enquanto acontecia o linchamento moral racista, apenas internautas na rede reclamaram, enquanto provavelmente em choque o jogador prosseguia com seus dribles e o banco de técnicos e supervisores permanecia passivo. Como alento tardio,Tinga recebeu as homenagens de sua torcida ao voltar à BH.
Nos 25 anos de existência da Lei Caó, que pune o racismo como crime, precisamos uma campanha nacional para orientar o discriminado, a vítima da violência do racismo, que ele e ela não são os culpados por serem violentados. Que não têm que baixar a cabeça para levarem tapa do racista, quer seja um racista civil, quer seja um racista policial.
Precisam aprender a reagir na hora. Pois a dignidade que perdem ao ficarem em choque e passivos marcará suas mentes como um chicote invisível, que será retransmitido, como foi até agora para gerações futuras.
“Se comporte minha filha, se comporte minha filha, se cale e dê de ombros, os racistas é que são ignorantes, somos todos seres humanos, não reclame pois não vai dar em nada”, é o que cada negra aprende dentro de casa e escuta dos amigos e amigas íntimas.
Basta desta conversa para boi dormir de que somos todos seres humanos, para o racista e para a máquina institucional racista no Brasil, nós simplesmente não existimos como seres humanos, quem não tem consciência disso, dança e faz seus filhos e filhas dançarem como micos de circo nas festas e manifestações hipócritas de solidariedade aos negros!
Racismo é crime público! O Estado Brasileiro, a Sociedade e a Justiça precisam levar este assunto à sério!
Basta de levarmos desaforos para casa, não temos sangue de barata!
Reaja ou será um escravo de seu próprio medo para sempre!
Fonte: Mamapress