Atenção Ministério Público Federal: “Acrissul ameaça ignorar liminar e realizar leilão de animais sábado”

Cartaz ruralista

Tania Pacheco – Combate Racismo Ambiental

A manchete entre aspas não vem de nenhum ‘amigo de bugre’, comunista, esquerdista, ‘ONG vendida a estrangeiro’ ou alguém que mereça ainda outro dos epítetos com os quais ruralistas e seus asseclas, empregados ou jagunços costumam nos agraciar. Na verdade, a matéria está publicada no Campo Grande News, cujas matérias ‘nós’, de alguma forma facínoras na visão do capital, sempre lemos com a devida cautela e fazendo exercícios de tradução, já que temos que ver escrito “invadiram”, quando deveria estar escrito retomaram, para dar só um exemplo.

Quem a assina é Filipe Prado e, fundamentalmente, ele se limita a informar que o presidente da Acrissul “não pretende suspender a venda de animais para arrecadar fundos para a contratação de seguranças e compra de armas para proteger as propriedades rurais das invasões indígenas”.  Segundo a notícia, Francisco Maia teria dito:  “Se até os índios rasgam as decisões dos juízes na frente deles, por que nós temos que acatar esta decisão?”

O “até” na frase é preciso e revoltantemente expressivo! Mostra de forma insofismável como os ruralistas encaram os descendentes dos povos originários deste País (ou será que eu deveria escrever republiqueta, na medida em que, ainda segundo a matéria, há diversas ‘autoridades’ com presença confirmada?).  E, depois de dizer que vai se reunir seus ‘pares’ da Famasul, ele reafirma: “pessoalmente, eu pretendo fazer o leilão, com ou sem a vontade da juíza”.

Com a palavra, pois, a Juíza Janete Lima Miguel, da 2a. Vara de Campo Grande da Justiça Federal, que proibiu a realização desse e de outros leilões semelhantes (veja AQUI) e o Ministério Público Federal, cuja ação em toda essa questão de Mato Grosso do Sul vem sendo elogiável. No mais, conforme for vamos descobrir afinal qual o papel da Força Nacional em MS!

Leia, abaixo, a notícia tal como está publicada no Campo Grande News:

Acrissul ameaça ignorar liminar e realizar leilão de animais sábado

Filipe Prado

O presidente da Acrissul (Associação dos Criadores de Mato Grosso do Sul), Francisco Maia, ameaça até ignorar a liminar da Justiça e promover o Leilão da Resistência no sábado em Campo Grande. Ele disse que vai recorrer contra a liminar, concedida hoje pela juíza da 2ª Vara da Justiça Federal, Janete Lima Miguel. No entanto, não pretende suspender a venda de animais para arrecadar fundos para a contratação de seguranças e compra de armas para proteger as propriedades rurais das invasões indígenas.

“Se até os índios rasgam as decisões dos juízes na frente deles, por que nós temos que acatar esta decisão?”, comentou Maia.

Ele relata que a decisão da juíza é injusta. “Acho que é uma decisão arbitraria, injusta e ilegal, pois isso afeta a democracia, nós temos o direito de nos reunir livremente”, relata Francisco.

O presidente ainda rebate que a suspensão pode ter sido por conta da, suposta, formação de uma milícia, a partir dos lucros do leilão. “É um preconceito, pois não existe esta história de milícia. Parece que vivemos em uma ditadura”.

Segundo Francisco Maia, ele se reunirá ainda hoje com a Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de MS) e outras entidades que participariam do leilão. “Vou me reunir e ouvir meus companheiros, mas, pessoalmente, eu pretendo fazer o leilão, com ou sem a vontade da juíza”, afirma.

Ele ainda conta que tentarão rebater a suspensão da Justiça. “Nós vamos tentar derrubar a decisão dela”, comenta o presidente da Acrissul.

Leilão – O leilão seria realizado neste sábado (07), a partir das 13h, com objetivo de arrecadar fundos para a criação de uma milícia, que ajudará a defender a classe das invasões indígenas.

Cerca de mil animais, entre bois, galinhas, cavalos, entre outras espécies, seriam leiloados, com a estimativa de lucrar até R$ 1 milhão.

Várias autoridades já estariam confirmadas para o evento de sábado, entre elas os deputados federais Ronaldo Caiado, Luis Carlos Heinze, Moreira Mendes, Abelardo Lupion, além dos políticos regionais, como Eduardo Henrique Mandetta e os senadores Reinaldo Azambuja e Waldemir Moka.

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