Organizações de Direitos Humanos Encaminham Informe Sobre a Situação do Caso Manoel Mattos na Comissão Interamericana de Direitos Humanos da OEA

Dificuldades enfrentadas no último dia 18 de novembro e defesa de condições adequadas e seguras para realização do juri no próximo dia 05 de dezembro são o principal objetivo

Na última segunda-feira, dia 02 de dezembro, a Dignitatis – Assessoria Técnica Popular, a Justiça Global e a Rede Social de Justiça Social e Direitos Humanos apresentaram informações atualizadas relativas ao caso de Manoel Mattos, que tramita na Comissão Interamericana desde o ano de 2002, em sede de medida cautelar. Manoel Mattos foi assassinado em janeiro de 2009 devido às denúncias que realizava sobre a atuação de grupos de extermínio nos estados da Paraíba e Pernambuco.

No último dia 18 de novembro, a Sessão do Tribunal do Júri na Justiça Federal do Estado da Paraíba não pôde se realizar devido à falta de quorum mínimo de quinze (15) jurados presentes. Como consequência, o Júri foi remarcado para o dia 05 de dezembro de 2013, na próxima quinta-feira.

No Informe, as organizações relataram sobre as dificuldades enfrentadas no dia 18 de novembro, sobretudo no que tange à garantia de uma estrutura adequada para a realização de um Júri Popular, problemas que na avaliação das peticionárias comprometeram a tranquilidade tanto dos assistentes de acusação e principalmente dos jurados.

Reportaram, por exemplo, a inadequação do espaço físico para acomodação dos assistentes e seus materiais de trabalho e ressaltaram que foram disponibilizados apenas dois assentos para os assistentes quando estão legalmente habilitados no processo nove advogados, que tiveram de assistir à sessão em pé.

Já com relação aos jurados, apontaram que o acesso ao plenário se dava necessariamente pela parte onde se encontravam os advogados de defesa, trazendo constrangimento ou incômodo aos que chegavam para a sessão. Da mesma forma, o espaço destinado aos mesmos durante o julgamento mostrou-se inadequado, já que ficava localizado justamente em frente aos réus e não dispunham de uma bancada onde pudessem manusear os autos do processo.

Tendo em conta que o processo sofreu um deslocamento de competência para a Justiça Federal justamente por conta das circunstâncias que envolvem os réus e a morte do advogado Manoel Mattos, inclusive com registro de intimidação de testemunhas no decorrer do processo, as organizações defendem que não se pode permitir que os jurados que compõem o Conselho de Sentença sofram qualquer intimidação.

Apontaram, deste modo, que a logística para o novo julgamento no dia 05 de dezembro deve enfrentar os óbices acima expostos, de forma a reduzir a tensão e possibilitando a condução correta dos trabalhos, para que o Juri possa cumprir plenamente sua função jurisdicional, com tranquilidade e equilíbrio para todas as partes envolvidas.

Relataram também à CIDH/OEA que foi protocolada petição junto ao juiz federal responsável pelo caso sobre a transferência do julgamento para outro espaço mais apropriado. Também foram protocoladas petições junto à Ordem dos Advogados do Brasil (Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Conselho Federal) bem como à Presidência do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoal Humana (CDDPH), órgão vinculado à Secretaria de de Direitos Humanos da Presidência da República, sempre no sentido de buscar apoio para as condições adequadas para realização do Juri.

Por fim, solicitaram que a CIDH/OEA mantenha o acompanhamento da situação e oficie os órgãos envolvidos sobre o trâmite processual para garantia do Júri popular com condições plenas de realização junto aos diversos órgãos da estrutura do Estado Brasileiro.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Rodrigo de Medeiros Silva.

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