Centenas de famílias Sem Terra ocupam terras no Sertão de Alagoas

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Por Rafael Soriano
Da Página do MST

Distante 300 km de Maceió, no Alto Sertão alagoano, centenas de famílias organizadas no MST ocuparam nesta quinta-feira (28) o Canal do Sertão alagoano, exigindo a desapropriação de 2000 hectares de terras para assentar famílias sertanejas.

A área ocupada fica às margens das obras do Canal do Sertão, partição alagoana do projeto de transposição do Rio São Francisco.

Desde 2006, o dia 29/11 é uma data simbólica para a luta dos trabalhadores rurais de Alagoas. Em 2005, neste dia, foi assassinado o dirigente estadual do MST, Jaelson Melquíades, caso que ainda espera por justiça.

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Diante disso, para celebrar a memória do companheiro tombado, o Movimento realiza marchas, ocupações e outras ações de luta contra o latifúndio e em defesa da Reforma Agrária.

Ocupação

Os agricultores que ocuparam as terras que margeiam o canal, já começam a erguer seus barracos de lona e dar vida à organicidade do novo acampamento.

As famílias contestam a pretensão do uso da água do Canal do Sertão, cuja expectativa é que se destine prioritariamente a grande indústria da região, em contraste com a falta de políticas públicas de acesso à água para as populações mais pobres.

“A falta d’água ainda é uma realidade para as famílias de agricultores mais pobres e o Canal vem na lógica de beneficiar prioritariamente a indústria”, avalia Débora Nunes, da Coordenação Nacional do MST.

“A promiscuidade da indústria da seca, escancarada nos esquemas de carros-pipa em cada área remota, somada à expectativa da destinação da água para grandes projetos, contrasta com o discurso oficial e contraria a necessidade do homem e da mulher sertanejos, que demandam a terra para criação de animais e produção de alimentos”, analisa.

Para José Roberto Silva, da direção nacional do MST, a disputa está acirrada pelos rumos da utilização da água do Canal. “Há fortes sinais do interesse de várias empresas em conduzir esta utilização [da água do Canal]. Muito se especula e exemplo disso são os diversos experimentos para implantação de culturas de cana-de-açúcar na região”, assinala.

José Roberto também chama a atenção para o fato do governo dilma ter paralisado a Reforma Agrária nos últimos anos, em detrimento de outro projeto: o agronegócio.

“Assim, tem deixado a pequena agricultura refém dos interesses de lucros dos grandes empresários do campo e de sua bancada ruralista no Congresso”, adverte.

Ele conclui: “é necessário muitas lutas, ocupações massivas e o entendimento da população para a necessidade da Reforma Agrária para que as famílias permaneçam no campo”.

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