RJ – Polícia Civil indicia PMs da UPP Manguinhos por homicídio

Morte de jovem morador de Manguinhos mobilizou a comunidade Foto:  Estefan Radovicz / Agência O Dia
Morte de jovem morador de Manguinhos mobilizou a comunidade
Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia

Laudo concluiu que morte de jovem em favela foi provocada por asfixia

Rio – O delegado titular da 21ª DP (Bonsucesso), José Pedro da Costa, indiciou, nesta quinta-feiram, cinco policiais militares da UPP Manguinhos por homicídio qualificado pela morte de Paulo Roberto Pinho de Menezes, de 18 anos, ocorrida em outubro na comunidade.

Segundo o delegado, o laudo do Instituto Médico Legal (IML) concluiu que a morte do jovem foi provocada por asfixia mecânica.

Testemunhas narraram agressão

As investigações sobre a morte do jovem Paulo Roberto Menezes, no dia 17, em Manguinhos, ganharam uma nova pista. Segundo o advogado da Comissão de Direitos Humanos da OAB Luiz Peixoto, uma das testemunhas intimadas a depor ainda não teria se apresentado à 21ª DP (Bonsucesso). A testemunha diz ter visto cenas de violência cometidas por policiais da UPP contra o rapaz, pouco antes de sua morte e, agora, estaria sendo ameaçada de morte por policiais.

Segundo o advogado, a testemunha ainda não depôs: “A pessoa, que é condenada, temia ser presa. Agora, por medo das ameaças, pretende se entregar, e vê no depoimento a única maneira de ficar viva, já que é testemunha ocular de uma versão diferente da apresentada pelos policiais, na qual Paulo Roberto teria sofrido um mal súbito”, disse o advogado.

Em relato concedido à Comissão de Direitos Humanos, a testemunha define a abordagem policial como truculenta e diz ter visto o jovem sendo golpeado várias vezes por ter discutido com um dos homens. “Dois PMs participaram das agressões com socos, chutes e uma coronhada no rosto. A cabeça dele foi desferida três vezes contra a parede. Levei um soco na cara por ter tentado defender”, narrou.

Pano no rosto

De acordo com o depoimento, as agressões só teriam terminado após Paulo Roberto ter caído desmaiado. A testemunha diz ser capaz de reconhecer os agentes. Um pano teria sido usado para cobrir o rosto do rapaz. Mesmo assim, segundo ele, a vítima ainda respirava quando foi posta no carro da PM e levada para a UPA.

Em nota, a Polícia Civil disse que ouvirá novas testemunhas, policiais do plantão e aguarda laudos periciais para concluir as investigações. Moradores de áreas pacificadas que forem alvo de ameaças e quiserem denunciar podem ligar para o Disque UPP (21) 2334-7599 ou para o telefone da ouvidoria das polícias Civil e Militar (21) 3399-1199.

Mãe critica policiais

Inconformada, a mãe da vítima, Fátima Menezes, diz que as ameaças se tornaram parte do dia-a-dia na comunidade. “Chegaram a apontar uma arma contra minha filha de 13 anos e, quando voltamos do enterro do Paulo Roberto, PMs fizeram sinal de degola para moradores que protestavam pacificamente”, garante.

Um amigo da vítima, que prefere não se identificar, diz que o caso se tornou referência entre os policiais. “Passam e dizem: ‘vai terminar igual ao amigos de vocês’”. Segundo a Coordenadoria de Polícia Pacificadora, o comandante da UPP de Manguinhos, Gabriel Toleto, se reuniu com moradores segunda-feira para ouvir as denúncias. Os policiais envolvidos nos relatos permanecerão afastados das funções até o fim do procedimento apuratório.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.

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