Ex-presos políticos relatam horrores do Doi-Codi

Comissão Nacional da Verdade – Ontem (27/11), a Comissão Nacional da Verdade e as Comissões estadual e municipal de São Paulo entraram na área onde funcionou a Oban e o Doi-Codi do II Exército, entre 1970 e 1977, na rua Tutoia, em São Paulo, para realizar o reconhecimento formal do local como um centro de tortura, morte e desaparecimento de pessoas, visando acelerar o tombamento do conjunto para que no local seja erguido um memorial em homenagem às vítimas da ditadura. 52 pessoas foram assassinadas no local, muitas ainda desaparecidas. (mais…)

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Índio Guarani é Assassinado no Oeste do Paraná

Luto-300x225Por Thiago Ossucci Santello

Bernardino Dávila, Presente! Somos Todos Guarani!

Mesmo que a história oficial omita que o processo de colonização do oeste do Paraná deu-se a partir do derramamento de sangue indígena, este fato concreto ocorreu desde o momento das reduções jesuíticas, e se intensificou nas fases posteriores.

Para além da história que não nos é contada, somente nos últimos dez anos ocorreram 560 assassinatos e 206 casos de suicídio de indígenas no Brasil (dados do Conselho Indigenista Missionário– CIMI). Apesar dos índices serem alarmantes, estes dados refletem apenas parte da triste realidade vivenciada cotidianamente pelos povos indígenas na sua luta pelas condições de sobrevivência.

Atualmente, a maior reivindicação nacional dos povos indígenas é a demarcação das terras tradicionais, sendo que para eles o território assume uma conotação cosmológica, que garante tanto a reprodução material, bem como a simbólica. Ou seja, não existe cultura e vida indígena sem a garantia da territorialidade. (mais…)

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MA – Após manifestações em rodovia, quilombolas conseguem ter reivindicações atendidas

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Texto: Igor Almeida* (texto e fotos) – Blog Outros Olhares

Durante os dias 25 e 26 de novembro, as comunidades quilombolas de Aliança e Santa Joana (situadas entre os municípios de Mirinzal e Cururupu, região da Baixada Maranhense) ocuparam a rodovia MA 006, que dá acesso aos municípios de Cururupu, Serrano e Apicum Açu. As mesmas, em um legítimo direito de manifestação, exigiam que o INCRA desse prosseguimento ao processo de titulação do território quilombola que abrange as duas comunidades, bem como a efetivação da Imissão de Posse em nome do INCRA, ocorrida formalmente no dia 07 de agosto do corrente. Essa efetivação significa a imediata retirada dos grandes invasores (muitos comerciantes da cidade de Cururupu, principalmente) do território. (mais…)

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Ajudante negro do Papai Noel gera debate sobre racismo na Holanda

A polêmica ganhou força em outubro, quando uma acadêmica do Alto Comissariado da ONU para direitos humanos enviou uma carta ao governo holandês queixando-se que Zwarte Piet “reforça estereótipos negativos”
A polêmica ganhou força em outubro, quando uma acadêmica do Alto Comissariado da ONU para direitos humanos enviou uma carta ao governo holandês queixando-se que Zwarte Piet “reforça estereótipos negativos”

Raiz Africana – Zwarte Piet é um tradicional personagem do folclore natalino holandês, mas tem despertado críticas de quem diz que ele reforça estereótipos.

Uma antiga tradição popular está gerando debates sobre racismo na Holanda.

A icônica figura do Zwarte Piet (ou Negro Pedro, em tradução livre) é parte das festividades natalinas holandesas e acompanha o Papai Noel na distribuição de presentes e nos desfiles de rua. O personagem costuma ser representado por uma pessoa branca com o rosto pintado de preto e uma peruca afro. (mais…)

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Faculdade de Direito receberá Congresso Internacional de Direito dos Povos

Chamadas para entrega de trabalho estão abertas

UFBA – Até o próximo dia 29/11, é possível entregar trabalhos para participar do “II Congresso Internacional de Direito dos Povos e Comunidades Tradicionais”  – II CIDPCT que acontecerá na Faculdade de Direito da UFBA, entre os dias 24, 25 e 26 de Março de 2014.

O evento gratuito, coordenado pelos professores Ordep Serra e Júlio Cesar de Sá Rocha irá contemplar a apresentação de trabalhos orais, eventos paralelos e sessões plenárias com palestras e conferências; sessões temáticas e mesas redondas, dando assim a oportunidade aos participantes de conhecerem fundamentos teóricos e experiências executadas na defesa do direito dos povos e comunidades tradicionais.

A abertura oficial do evento será feita na Faculdade de Direito da UFBA, na Graça, no dia 24 de Março às 9h.  Os trabalhos serão realizados na Faculdade de Direito, Faculdade de Medicina e Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Buscando assim construir um dialogo e revelar o estado das pesquisas, das práticas e do desenvolvimento da efetivação de direito dos povos e comunidades tradicionais.

Será emitido certificado aos participantes e mais informações podem ser obtidas aqui.

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Câmara vota Plano Diretor de Florianópolis burlando todas as regras

Sem poder expressar sua voz, comunidade escreveu
Sem poder expressar sua voz, comunidade escreveu

Elaine Tavares – Palavras Insurgentes

A Câmara de Vereadores de Florianópolis mostrou nesse dia 26 de novembro, a quem realmente representa na cidade. Burlando regimento interno, Estatuto da Cidade e até a Constituição, os vereadores iniciaram a votação de um Plano Diretor alterado por quase 700 novas emendas – que não passaram por avaliação do Instituto de Planejamento Urbano –  abrindo caminho para mais uma onda de especulação imobiliária, crescimento desenfreado, destruição e lucros exorbitantes para um determinado setor: o da construção civil. (mais…)

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O jornalista Antonio Gramsci

Gramsci

“Os jornais do capitalismo teriam feito vibrar todas as cordas dos sentimentos pequeno-burgueses; e são estes jornais que asseguram à existência do capitalismo o consenso e a força física dos pequeno-burgueses e dos imbecis”

Por Dênis de Moraes*, no Blog da Boitempo

Este texto é uma versão preliminar de parte da pesquisa “Gramsci e a imprensa: jornalismo, hegemonia e contra-hegemonia”, que coordeno com os apoios do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Programa Cientista do Nosso Estado da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (FAPERJ). Meu objetivo é contribuir para tornar mais conhecida entre nós a trajetória e os escritos jornalísticos do filósofo marxista italiano Antonio Gramsci (1891-1937), desde os anos de iniciação em Turim até a fundação do jornal L’Unità, órgão oficial do Partido Comunista da Itália (PCI), do qual foi redator-chefe. Suas atividades como jornalista vinculam-se, na maior parte do tempo, à militância como intelectual, ativista revolucionário e dirigente comunista. Só se interromperam em 8 de novembro de 1926, quando foi preso pela ditadura fascista com base em leis de exceção decretadas por Benito Mussolini, depois de terem sido revogadas suas imunidades como deputado eleito pelo PCI em 6 de abril de 1924. Mesmo nas condições barbáricas do cárcere, Gramsci encontrou ânimo para redigir apontamentos teóricos sobre a imprensa, o jornalismo e os jornalistas, objetos da investigação que realizo. Algumas dessas reflexões menciono em ensaios incluídos no meu livro Mídia, poder e contrapoder: da concentração monopólica à democratização da informação, em parceria com Ignacio Ramonet e Pascual Serrano, publicado pela Boitempo em 2013.

*

Antonio Gramsci esteve ligado ao jornalismo em etapas importantes de sua infelizmente curta mas intensa e fecunda jornada. De 1910, quando publicou o primeiro texto em L’Unione Sarda, até ser preso pelo fascismo em 1926, ele escreveu nada menos do que 1.700 artigos. Equivalem a mais do que o dobro das páginas reunidas nos Cadernos do cárcere, redigidos entre 1929 e 1935. “Em dez anos de jornalismo, escrevi linhas suficientes para encher quinze ou vinte volumes de quatrocentas páginas”, ressaltou numa carta à cunhada Tatiana Schucht, escrita na Penitenciária de Túri em 7 de setembro de 1931.[2] (mais…)

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A herança de Chico Mendes, por Michael Löwy

chico mendesNota: texto [importante] de maio de 2005, republicado pelo Blog da Boitempo. TP.

A convergência entre ecologia e socialismo teve no Brasil um precursor na extraordinária figura de Chico Mendes, um lutador que pagou com sua vida seu compromisso com a causa dos povos da floresta amazônica. Chico se transformou numa figura lendária, um herói do povo brasileiro, mas o tratamento mediático de sua historia tende a ocultar a radicalidade social e politica de seu combate. Existem também tentativas infelizes de “cortar pela metade” sua herança politica: ecologistas reconciliados com o capitalismo “esquecem” seu compromisso socialista, enquanto que socialistas atrasados negam a dimensão ecológica de sua luta.

Formado na cultura cristã libertadora das comunidades de base, o jovem seringueiro Francisco Alves Mendes Filho, nascido em 15 de dezembro de 1944, descobre o marxismo nos anos 1960 graças a um veterano comunista, Euclides Fernandes Tavora, antigo tenente de 1935, partidário de Luis Carlos Prestes, que, depois de ficar preso em Fernando de Noronha, se exilou na Bolivia, onde participou nas lutas populares; perseguido, foi morar na selva amazônica, na fronteira do Acre com a Bolívia. Este aprendizado marxista teve uma influência importante na formação das ideias políticas de Chico Mendes: em suas próprias palavras, o encontro com Tavora  “foi uma das melhores ajudas e uma das razões pela qual eu julgo que estou em toda essa luta. Outros companheiros, infelizmente, naquela época, não tiveram o privilégio de receber uma orientação tão importante como a que recebi para o futuro”.[1]  (mais…)

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Nós, os europeus

mãos branca e negraEntre nós, a visibilidade dos negros ainda é um problema. Além de negarmos a existência da população negra, negamos o próprio racismo e ainda insistimos em não ver as desigualdades étnico-raciais que saltam das estatísticas

Por Rosemeri Moreira*, no Diário de Guarapuava

No ano de 2007, fui responsável pela disciplina de Estágio Supervisionado, no curso de História da Unicentro, e me deparei com a singela constatação de alguns alunos de que existia população negra na cidade de Guarapuava.

A descoberta inusitada dos alunos veio após ministrarem aulas nos Cebjas (Centros de Educação Básicas de Jovens e Adultos), em cursos trimestrais nos bairros da cidade. Eles não tinham visto negros na universidade, nem no cinema, nas pizzarias, nos escolas de inglês, nem trabalhando nos bancos, nem vendedores/as das boutiques locais. Mas conseguiram, enfim, enxergá-los: eram trabalhadores/as pobres, adultos, e tentavam ainda cursar o ensino fundamental.

Esses alunos acreditaram na europeidade da cidade. Europeidade efetivada pela junção, sempre reavivada, entre a brancura da pele (de alguns) e o vento gelado, o clima. O discurso memorialista (histórico) construído há tempos, que rememora e enaltece a conquista dos homens brancos europeus, galopando imponentes corcéis, já havia calado fundo no imaginário deles também. (mais…)

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