Racismo e pobreza fazem negros liderarem número de assassinados

racismo assassinatosAline Diniz, O Tempo

Preconceito e situação socioeconômica. Esses são os fatores que explicam o maior número de mortes entre negros do que entre não negros no país. Em Minas Gerais, de acordo com dados do Censo 2010, o número de negros assassinados é mais que o dobro do número de não negros que foram mortos no mesmo período. Cerca de 40 mil negros são mortos por ano no Brasil, contra 16 mil não negros mortos anualmente.

A pesquisa “Vidas Perdidas e Racismo no Brasil”, publicada nesta terça-feira (19) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostra que a herança do período da escravidão e a dificuldade de acesso a escola e emprego são questões que interferem no número de negros que morrem cotidianamente no país.

Segundo levantamentos realizados pelos autores do estudo (Daniel R. C. Cerqueira e Rodrigo Leandro de Moura), a pior condição socioeconômica dos negros está relacionada à herança da escravidão e à ideologia do racismo que foi imposta ao mercado de trabalho.

A discriminação da cor da pele bloqueia, conforme a pesquisa, o acesso a oportunidades de trabalho, além de dificultar o crescimento profissional daqueles que conseguiram se inserir no mercado. Mesmo que de maneira velada, Moura e Cerqueira acreditam que o discurso de que o negro é inferior e incapaz de realizar trabalhos qualificados continua sendo repetido, e que isso é uma “grande dívida que a sociedade brasileira tem em relação aos afrodescendentes”.

Jovens

A ilusão de que o negro é inferior traz mais estragos quando atinge os jovens. Para os autores, essa ideia equivocada chega a descaracterizar  sua individualidade e reforçar uma imagem distorcida que ele faz de si mesmo.

Valor da vida

O racismo traz também outra questão que pode justificar o maior número de homicídios contra os afrodescendentes: “a vida de um negro vale menos do que a vida de um branco”. Os autores questionam se a repercussão, impacto na mídia e reação das autoridades são iguais para vítimas inocentes negras e não negras. O último ponto que contribui para a diferença entre os números tem relação com o governo, quando, segundo os pesquisadores, “organizações do Estado, com base em ações cotidianas e difusas, terminam por reforçar estigmas e aumentar a vitimização da população negra”.

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