MG – Ministério Público Federal quer prevenir os trotes criminosos (racistas, nazistas, homofóbicos, misóginos etc)

Polêmica. Em março deste ano, trotes dos alunos de direito da UFMG geraram processos internos
Polêmica. Em março deste ano, trotes dos alunos de direito da UFMG geraram processos internos

Procuradoria fará reunião na UFMG para tratar das ações. Instituição teve que fazer sindicância para apurar dois casos neste ano.

Por Aline Lourenço em O Tempo

Os trotes aplicados contra calouros da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) estão na mira do Ministério Público Federal (MPF). O órgão convocou para amanhã uma audiência pública para discutir a adoção de medidas mais efetivas por parte da reitoria da instituição para evitar as ações contra os alunos novatos, que ocorrem tradicionalmente no início dos semestres letivos. O encontro será na Faculdade de Direito da UFMG, no centro da capital, a partir das 9h.

O assunto ganhou destaque, depois que um trote aplicado por estudantes do curso de direito da universidade, em março deste ano, causou polêmica. As supostas brincadeiras passaram a ser criticadas por apresentarem mensagens de cunho racista e nazista. Nas fotos do trote que vazaram na internet, uma caloura aparece com o corpo pintado de preto e algemada, segurando uma placa com os dizeres: “Caloura Chica da Silva”. Em outra imagem, veteranos aparecem fazendo a saudação nazista, enquanto um aluno do 1º período permanece amarrado a um poste.

O fato resultou na abertura de uma sindicância, que terminou no mês passado, para apurar as responsabilidades pelo episódio. A comissão, formada por professores do departamento, decidiu pela investigação e punição de quatro alunos no curso. Inicialmente, havia sido anunciado que 198 alunos responderiam pelo envolvimento no caso, mas o número foi reduzido por conta de um recurso apresentado por dez educadores que acreditavam que a quantidade expressiva de estudantes acabaria resultando em impunidade.

Na ocasião, o vice-diretor da faculdade de direito, Fernando Gonzaga, concordou que o número restrito de alunos facilitaria o processo. “Certamente seria muito complexo investigar a fundo todos os indiciados. O que foi feito na primeira investigação, terminada em julho, foi só uma sindicância. Agora, com o processo, limitado aos que aparecem nas fotos do trote, tudo será mais detalhado”, disse.

Na audiência marcada pelo MPF é esperada a presença do professor Hermes Vilchez Guerrero, que presidiu a comissão de sindicância, de representantes da reitoria, da Federação Israelita de Minas Gerais e do Coletivo de Estudantes Negros da UFMG. A reunião será aberta ao público.

Polêmicas

Conheça outros trotes polêmicos na UFMG e a suas repercussões:
Humilhação.  Em março de 2012, duas calouras do curso de turismo foram amarradas a uma árvore, ao mesmo tempo em que dois veteranos, caracterizados de policiais militares, faziam as moças chuparem pedaços de pau, que simulavam cassetetes.

Outro lado. Apesar do conteúdo pornográfico da cena, as alunas disseram à diretoria do Instituto de Geociências (IGC), responsável pelo curso, que não foram obrigadas a nada e que continuariam participando das “brincadeiras”.

Punição

Relatório. Até o final deste mês, a UFMG deve divulgar a conclusão do processo contra os alunos da Faculdade de Direito. As punições podem variar de advertência a até expulsão do curso.

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