“Nenhuma mulher deve morrer de câncer sem diagnóstico e tratamento”

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Postado por Emanuelle Goes no População Negra e Saúde

As  mulheres de 15 estados brasileiros, reunidas em Oficina Nacional  de Lideranças do Movimento Organizado de Mulheres para a Prevenção e Controle do Câncer nos dias 23 a 25 de outubro de 2013, no Rio de Janeiro, a convite do INCA, em parceria com a Rede Nacional Feminista de Saúde Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos, vimos reafirmar nosso compromisso com o direito das mulheres à saúde e à vida.

Apesar da histórica luta pela garantia da atenção integral à saúde, surgem a cada ano 52 mil  novos casos de câncer de mama e 17 mil casos de câncer de colo de útero no Brasil, uma tragédia anunciada, pois  a cada ano   17 mil  mulheres perdem a vida em função desses dois cânceres. Essa é uma tragédia que pretendemos evitar, criando novas perspectivas às mulheres brasileiras.

Há uma soma de fatores que precisa ser reconhecida e enfrentada. Além das desigualdades sociais, as mulheres são atingidas de forma diferenciada pelas doenças em função das discriminações de gênero, pelo racismo,  lesbofobia e outras manifestações de exclusão e discriminação.

As dificuldades de acesso à informação, à prevenção,  diagnóstico, tratamento e cuidados paliativos, levam à  persistência de mitos relacionados à doença e à crença de que câncer é sinônimo de morte.  Infelizmente, para muitas mulheres essa é uma cruel realidade que desejamos mudar.

A nossa disposição como ativistas organizadas pauta-se pela defesa dos interesses das mulheres e da população brasileira, acima dos mercadológicos que envolvem algumas iniciativas relacionadas ao câncer.

Defendemos o Consenso do Câncer de Mama, que prevê a realização de exames clínicos a partir dos 40 anos  e a mamografia de rastreamento em mulheres dos 50 aos 69 anos. E a investigação profunda de todos os casos quando da descoberta de sinais e sintomas.

Defendemos que todas as mulheres possam realizar os exames preventivos ao câncer de colo de útero (Papanicolaou) e que recebam resultados e acesso ao tratamento nos casos positivos em prazos já previstos em lei e que permitam conter e tratar as possíveis doenças.

Coerentes com os direitos humanos, nossa posição é de que a morte de muitas das mulheres é plenamente evitável e de que nenhuma mulher pode morrer ou sofrer sequelas, como mutilações desnecessárias ou inevitáveis e a sua não reparação, por falta de acesso à prevenção, ao diagnóstico, ao tratamento e cuidados paliativos.

Assim, consideramos fundamental a participação ativa na busca de estratégias  pautadas na afirmação do direito à vida, aos direitos humanos e à cidadania. Isso implica em intenso diálogo com o movimento organizado de mulheres em todos os níveis do Sistema Único de Saúde/SUS.

Em relação ao INCA, propomos a manutenção de uma agenda de continuidade nessa parceria, na medida em que um espaço estratégico  vem sendo construído com base no respeito e na autonomia dos movimentos.

Somando-nos aos movimentos que atuam no controle social da saúde no Brasil, defendemos o adequado financiamento da saúde, em especial da saúde integral das mulheres e dos seus direitos sexuais e reprodutivos; a  garantia de atendimento universal pelo SUS com qualidade, na perspectiva da integralidade e da equidade.

Mulheres da cidade, do campo e da floresta, trabalhadoras, ativistas, negras, quilombolas, lésbicas, indígenas, ciganas, vivendo com HIV, com deficiências, mulheres com diferentes sexualidades, comunicadoras, dos interiores e das capitais do Brasil, de todas as idades, declaram que estão unidas pela vida e saúde de todas as brasileiras, um direito humano fundamental para a efetivação de nossa cidadania.

Rio de Janeiro, 25 de outubro de 2013

·         Rede Nacional Feminista de Saúde Direitos Sexuais e Direitos Reprodutivos

·         Articulação de Mulheres Negras Brasileiras – AMNB

·         Liga Brasileira de Lésbicas – LBL

·         União Brasileira de Mulheres – UBM

·         Plataforma Brasileira dos Direitos Humanos Econômicos, Sociais, Culturais – DHESCA BRASIL

·         ICW/Brasil – Comunidade Internacional de Mulheres Vivendo com HIV/Aids

·         Rede de Mulheres Negras do Paraná

·         Federação de Trabalhadores Rurais do Rio Grande do Sul/Contag

·         Federação de Trabalhadores Rurais de Pernambuco/Contag

·         UNEGRO

·         Fórum Nacional de Mulheres Negras

·         Rede de Mulheres em Comunicação

·         Fórum de Mulheres da Amazônia Paraense/PA

·         Rede Sapatá

·         Casa da Mulher Catarina/SC

·         Coletivo Feminino Plural/RS

·         IMAIS – Instituto Mulheres em Defesa da Atenção Integral à Saúde/BA

·         Ile Mulher/RS

·         Movimento Articulado de Mulheres da Amazônia

·         SEMPRE MULHER- Instituto de Pesquisas e Intervenção sobre Relações Raciais / RS

·         Associação Cultural de Mulheres Negras – ACMUN/RS

·         Coletivo de Mulheres do Calafate/BA

·         ODARA – Instituto da Mulher Negra/BA

·         Casa Laudelina de Campos Mello/Organização das Mulheres Negras/SP

·         Articulação de Mulheres do Amapá

·         Conselho Distrital de Saúde/RJ

·         Fórum Permanente em Defesa dos Direitos das Mulheres do Amapá

·         Federação de Mulheres do Amapá

·         Instituto de Estudos Feministas da Amazônia

·         Conselheiras Nacionais, estaduais e municipais de saúde

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