Cerca de 50 entidades e organizações visitam a Serra do Padeiro em solidariedade aos Tupinambá

Cacique Babau: da Bahia, a solidariedade Tupinambá em Belo Monte. Foto: Ruy Sposati
Em Belo Monte, Babau levou a solidariedade dos Tupinambá aos Munduruku. Foto: Ruy Sposati

CIMI Itabuna

Cerca de 50 pessoas, representantes de diversas organizações regionais, estaduais e nacionais estiveram em visita, no último sábado, 26, na aldeia Serra do Padeiro, do povo Tupinambá de Olivença, na Bahia. A visita teve o caráter de prestar solidariedade e tomar conhecimento da luta deste povo por suas terras tradicionais. Entre as organizações, ao menos seis são ligadas aos pequenos agricultores, além da Associação dos Juízes Pela Democracia (AJD).   

As entidades presentes se solidarizaram com a comunidade e externaram suas preocupações diante do quadro de perseguição e calunias que vem ocorrendo na região, em especial nas cidades de Buerarema e São José da Vitória. As entidades ligadas aos trabalhadores rurais presentes na visita (CETA, MLT, CPT, AATR, Polo Sindical, Central de Cooperativas do Litoral Sul) colocaram a necessidade de esclarecer aos pequenos produtores todo este processo de demarcação para que eles percebam que o inimigo deles não são os Tupinambá, mas sim os governos Federal e Estadual, que se omitem de cumprirem seus papeis. Sendo assim, que juntos, indígenas e trabalhadores rurais, possam lutar pela garantia de seus direitos sem que se deixem ser usados.

Na oportunidade, o cacique Rosivaldo Ferreira relatou a luta de seu povo para os presentes e todo o processo de criminalização que vem sofrendo a comunidade Tupinambá. Desde os ataques psicológicos até os mais cruéis e silenciosos, potencializados por meios de comunicação ligados ao latifúndio regional.

Cacique Babau, como é chamado pelos Tupinambá, colocou que este processo vem se repetindo ao longo da história, citou como exemplo a luta do seu parente Marcelino José Alves, conhecido por Caboclo Marcelino, que na década de 1920 foi perseguido de forma violenta por defender o direito de seu povo. Ambos, Marcelino e Babau, foram chamados de “Lampião do sul da Bahia”. Babau finalizou afirmando que esta luta não começou agora e ele não é o primeiro a ser perseguidor e criminalizado.

O cacique Babau foi categórico ao afirmar que a culpa de toda esta situação de violência e insegurança estabelecida na região é do governo federal, em especial do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, que não cumpre o seu papel e tenta enganar a todos com “conversa mole”. “O que todos nós precisamos é que ele assine a Portaria Declaratória e dê continuidade ao processo de demarcação devolvendo a nossa terra e garantindo os direitos dos pequenos agricultores”, falou o cacique.

 Os visitantes ainda tiveram a oportunidade de conhecer um pouco da aldeia Serra do Padeiro, sua organização, desfrutar de um delicioso almoço e no período da tarde conhecer mais uma obra inacabada do governo dentro da aldeia, uma ponte que em muito facilitará o escoamento da produção dos Tupinambá. A ponte está pronta faltando apenas as cabeceiras.

As lideranças Tupinambá da aldeia Tucum entregaram à comitiva um extenso dossiê sobre a situação do povo Tupinambá. As reuniões tiveram como objetivo perceber “in-loco” a real situação estabelecida no sul da Bahia, e, a partir deste olhar e conversas, definir ações da AJD que possam vim a contribuir para a resolução deste grave problema. Estavam presentes, inclusive em relatos sobre o que viram em três dias de visitas, a juíza Drª Kenarik Boujikian, presidenta da AJD, Drº Reno Viana, coordenador da AJD na Bahia, Drº André Bezerra, conselheiro da AJD, Drº Naum Leite, advogado da comissão de Direitos humanos da OAB da Bahia e representando o Conselho Federal da OAB. Além de Isaac e Marcos Rocha, ambos da Articulação dos Conselhos da Comunidade da Bahia e D’Almeida, repórter fotográfico, o Ministério Público Federal, Dom Mauro Montagnoli, bispo de Ilhéus, Dom Ceslau Stanula, bispo de Itabuna, Drº Victor Cretella e Drª Maysa Pomponet, juízes federais de Itabuna, Polícia Federal, Força Nacional e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

Fizeram-se presente na visita: Associação Juízes para a Democracia (AJD), Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais (AATR), Associação para o Resgate Social (ARES), Associação de Docentes da Universidade de Santa Cruz (Adusc), Centro de Estudo, Pesquisa e Desenvolvimento do Extremo Sul da Bahia (Cepedes), Comissão Pastoral da Terra (CPT), Conselho Indigenista Missionário (CIMI), Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), Central de Cooperativas do Litoral Sul, Pastoral da Juventude (PJ), Pastoral da Criança, Articulação de Políticas Públicas da Bahia (APP), Missionárias Agostinianas Recoletas (MAR), Federação de Órgãos para assistência social e educacional (FASE), Levante Popular da Juventude, Movimento de Mulheres em Luta (MML), Movimento de Luta pela Terra (MLT), Coordenação Estadual dos Trabalhadores Acampados, Assentados e Quilombolas (CETA), Centro de Agroecologia e Educação da Mata Atlântica (OCA), Coletivo dos Alfabetizadores Populares da Região Cacaueira (Caporec), Escola Agrícola Comunitária Margarida Alves (EACMA), Movimento Negro Unificado (MNU), Polo Sindical de Itabuna,  Conselho da Comunidade Para Assuntos Penais da Comarca de Vitória da Conquista, Conselho de Cidadania Permanente, Ordem dos Advogados do Brasil (Conselho Federal), Fórum de Educação no Campo, Assessoria do Deputado Yulo Oiticica,  Estudantes e religiosos.

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