ES – Reintegração de posse ameaça sem-terras em fazenda do Grupo Simão em Montanha; Reunião nesta terça-feira discutirá situação

Mesmo após mandado de reintegração de posse, famílias permanecem na fazenda Floresta Reserva e já começam a plantar para subsistência

Any Cometti, Século Diário

A direção estadual do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) espera tirar soluções concretas para as famílias acampadas na fazenda Floresta Reserva, do Grupo Simão, em Montanha (extremo norte do Estado), em reunião a ser realizada nesta terça-feira (29), às 13h, na Casa Civil do governo do Estado, no Centro de Vitória.

As 130 famílias ocupam a fazenda desde o último dia 14, formando o acampamento Sirlândia. O mandado de reintegração de posse foi expedido na última terça-feira (22) e venceu na quinta-feira (24), mas desde então não houve uso de força policial ou outro tipo de coação para retirar os ocupantes do local. Apesar de, em seu texto, o mandado assegurar o uso de força policial para a expulsão dos sem-terras, inclusive aos fins de semana, feriados e fora do “horário convencional”, por enquanto a única visita foi de um oficial de justiça, que compareceu à área para averiguar se as famílias haviam deixado as terras. O MST garante que elas não sairão do local.

A direção estadual do MST espera que nessa reunião o governo do Estado, o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e o Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (Idaf), dessa vez, cumpram com os acordos prometidos, mas não concretizados, firmados no ano passado para que as famílias deixassem a região. A ocupação foi feita na mesma área, entre os meses de agosto e outubro de 2012, e a saída foi pacífica após as promessas.

Mas os órgãos não cumpriram com os tratos firmados. O governo havia prometido entregar cestas básicas às famílias acampadas; o Incra a fazer vistorias em oito fazendas improdutivas na região de Montanha, igualmente pertencentes ao Grupo Simão, das quais apenas duas foram vistoriadas; e o Idaf que contaria e documentaria as cabeças de gado do Grupo Simão, o que, segundo a coordenação estadual do movimento, só foi feito em partes e com documentos adulterados, com dados que não condizem com a realidade.

Os trabalhadores acampados já começaram a fazer plantios para consumo próprio nesse fim de semana, ao contrário da ocupação do ano passado, quando não fizeram usufruto da terra.

Segundo o movimento, para a reunião desta terça, está confirmada a presença do presidente do Idaf, Davi Diniz de Carvalho; do Superintendente do Incra, José Cândido Rezende; da subsecretária de movimentos sociais da Casa Civil do governo do Estado, Leonor Araújo; da Defensoria Pública Estadual; de entidades ligadas aos direitos humanos; da direção estadual; e do advogado do MST.

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