Jornada pela soberania alimentar mobiliza camponeses em todo o Brasil

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Emily Souza – Adital

Entre os dias 14 e 18 de outubro o tema da soberania alimentar será a pauta principal de manifestações camponesas no Brasil. É a Jornada Nacional de Lutas por Soberania Alimentar, evento organizado pelo Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) e que promete mobilizações em 15 estados brasileiros. O objetivo é fomentar o diálogo com a sociedade sobre a soberania alimentar, entendida como a produção e comercialização da comida local, vinculada à cultura e ao modo de vida do povo e livre dos grandes mercados do ramo de alimentação.

Tendo o dia 16 de outubro, Dia Mundial da Alimentação, como dia D da jornada, será realizada uma audiência popular na localidade Juazeiro, Estado da Bahia, onde é prevista a participação de 5 mil pessoas para debater a desigualdade e os problemas econômicos que afligem o Nordeste. Destaque para a questão hídrica do local, que abastece regularmente a indústria do agronegócio e que, ao mesmo tempo, deixa várias comunidades sem água para beber e outras necessidades básicas.

O Plano Camponês alerta que empresas transnacionais como Monsanto, Pepsico e Nestlé, possuidoras de grandes fatias do mercado alimentício, acabam tendo prioridade na obtenção de terras para a plantação da matéria-prima de seus produtos e em todas as fases do processo de fabricação dos artigos dispostos nos supermercados, prejudicando os pequenos produtores e o equilíbrio ambiental. “Na medida em que os alimentos passam a ser vistos como mercadoria, são essas empresas que decidem o que devemos ou não comer e comprometem a soberania alimentar, que é fundamental para a qualidade de vida do povo no campo e na cidade”, afirma Raul Klauser, coordenador nacional do MPA, em entrevista a Adital.

Para conscientizar a população sobre o acesso à uma alimentação saudável em quantidade e qualidade, e com alimentos que estejam inseridos no contexto climático e cultural de cada região, estão previstas para essa semana de mobilizações debates com organizações urbanas, assembleias, marchas, atos em frente às transnacionais, feiras livres, entrega de alimentos para famílias carentes e audiências com o governo e algumas secretarias estaduais.

“Nas audiências iremos abordar dois grupos de reivindicações, no qual o primeiro será pedir a limitação das empresas estrangeiras no processo de vendas de terras, e o segundo será exigir do governo políticas públicas de incentivo aos pequenos produtores, uso de sementes crioulas, insumos naturais e princípios da agroecologia”, acrescenta Klauser.

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