Ruas são ‘rebatizadas’ com nome de vítimas da ditadura em Porto Alegre

Coletivo colou adesivos com outros nomes para alterar nomes de vias (Foto: Daniel Bittencourt/G1)
Coletivo colou adesivos com outros nomes para alterar nomes de vias (Foto: Daniel Bittencourt/G1)

Vias ganharam nomes como Amarildo, Marighella e Vladimir Herzog. Intervenção foi feita por coletivo que protesta a favor da ‘desmilitarização’

Do G1 RS

Algumas ruas de Porto Alegre amanheceram “rebatizadas” nesta quinta-feira (3). Em pelo menos três bairros da capital, adesivos foram colados nas placas de identificação de vias que homenageiam marechais, generais e coronéis. No lugar, entraram nomes de vítimas das ditaduras militares na América Latina e de outras pessoas supostamente mortas pela polícia.  

A intervenção urbana foi realizada pelo coletivo Defesa Pública da Alegria. Na página do movimento no Facebook, eles explicam o objetivo da ação. “Desmilitarização da vida, já! Pelo fim da polícia militar, hoje algumas ruas de Porto Alegre amanheceram sem os nomes dos logradores de sempre. Saem os nomes dos milicos, entram os de suas vítimas”, diz o texto.

Revolucionário Carlos Marighella foi um dos homenageados (Foto: Daniel Bittencourt/G1)
Revolucionário Carlos Marighella foi um dos
homenageados (Foto: Daniel Bittencourt/G1)

A placa da Rua Duque de Caxias, na esquina com a Marechal Floriano Peixoto, por exemplo, teve o nome trocado para Rua Vladimir Herzog, em homenagem ao jornalista torturado até a morte no DOI-CODI de São Paulo, em 1975, durante o regime militar (1964-1985). Também no centro da cidade, a mesma Marechal Floriano Peixoto, na esquina com a Fernando Machado, ganhou o nome de um dos líderes da guerrilha durante a ditadura, Carlos Marighella, morto em 1969.

Em outros pontos da cidade, nos bairros Cidade Baixa e Bom Fim, também foram colados adesivos nas placas com os nomes de Alexandre Nunes Machado da Silva (um dos mortos no Massacre do Carandiru, em São Paulo, em 1992), Oziel Alves (líder campesino morte em 1996, no Massacre de Eldorados do Carajás, no Pará) e Paulo Roberto de Oliveira (vítima da Chacina da Candelária, no Rio de Janeiro, em 1993).

O ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido desde o dia 14 de julho, quando foi visto pela última vez na Favela da Rocinha, no Rio, também foi lembrado. Segundo o inquérito da Polícia Civil sobre o caso, divulgado recentemente, ele teria sido torturado e morto por policiais militares. O nome dele substitui o do General Vitorino na placa situada no centro histórico.

Responsável pelas placas de sinalização de trânsito e de identificação de ruas de Porto Alegre, a Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC) informou que desconhece a intervenção e que não recebeu nenhuma reclamação sobre o ato, mas que os adesivos podem ser removidos caso prejudiquem a identificação das vias.

Pedreiro desaparecido no Rio de Janeiro também foi lembrado (Foto: Daniel Bittencourt/G1)
Pedreiro desaparecido no Rio de Janeiro também foi lembrado (Foto: Daniel Bittencourt/G1)

Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Carlos.

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.