Jovens Ka’apor concluem a 1ª Etapa de Alternância de Estudos em defesa da Floresta

De forma autônoma e organizada, 80 jovens Ka’apor vindos de 06 aldeias da Terra Indígena Alto Turiaçu, noroeste maranhense, concluíram na Aldeia Xiépihurenda a 1ª Etapa de Alternância de escolarização no Projeto Ka’a namô jaju jumu’e ha katu (Aprendendo com a Floresta), contando com educadores formadores de diferentes áreas de conhecimentos intercultural, educadores formadores Ka’apor e educadores Ka’apor em formação.

Essa etapa de escolarização faz parte da luta e conquista em defesa dos direitos à educação escolar indígena, especificamente, do acesso ao Ensino Fundamental completo. Durante 12 anos, a SEDUC assumiu precariamente a escolarização das aldeias, desrespeitando a língua e o jeito Ka’apor de ensinar e aprender.

Desde 2011, o povo resolveu romper com o jeito Kamará (branco) de ensinar e afirmar o que orienta a cultura Ka’apor na floresta. Decisão tomada como resistência político-cultural diante da omissão do Estado e aos constantes ataques, agressões e invasões ao território por madeireiros, fazendeiros, caçadores, entre outros.

Iniciaram a elaboração de seu Projeto Pedagógico e Curricular Educação Básica Ka’apor (PPCEBK), que se desdobrou em cinco grandes encontros sobre a cultura Ka’apor, a educação indígena e educação escolar indígena.

Paralelo ao processo de estudos e rodas de conversas para a elaboração do PPCEBK, vem acontecendo o monitoramento e vigilância do território através de constantes incursões de jovens à floresta. Essas atividades vêm fortalecendo o pacto e unidade do povo em defesa de seu território independente das constantes ameaças, agressões e violências que o povo vem sofrendo.

No retorno para as aldeias, os educandos continuarão suas atividades de pesquisa em prol da cultura e da floresta, a serem socializados nas rodas de saberes nas aldeias e no próximo Tempo de escolarização.

Fonte: Associação Ka’apor ta hury do Rio Gurupi

Enviada para Combate Racismo Ambiental por José Andrade.

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