MP Federal quer barrar mina de ouro canadense na Amazônia

Volta Grande, da Belo Sun, não teria feito estudos de impacto sobre as populações indígenas

O Globo Online – Reuters

Brasília – Procuradores federais brasileiros querem impedir o licenciamento de uma grande mina de ouro planejada pela Belo Sun Mining Corp, no Rio Xingu, na Amazônia, alegando que a mineradora canadense não realizou o estudo de impacto do empreendimento sobre as comunidades indígenas. O projeto de Volta Grande está previsto para começar a operar em 2016, e será a maior mina de ouro do país. Ficará no estado do Pará, perto de outro empreendimento polêmico, a usina hidrelétrica de Belo Monte.

Ambientalistas e autoridades federais dizem que o impacto duplo dos projetos sobre as duas comunidades indígenas na região do Xingu, Arará e Juruna, não foi apropriadamente estudado. Os procuradores do Ministério Público Federal no Pará pediram ao governo estadual para negar permissão à empresa. A procuradora Thaís Santi, responsável pelo processo, quer também que a agência do governo para as populações indígenas, a Funai, seja envolvida na discussão.

A Secretaria de Meio Ambiente do Pará disse que o estudos das comunidades poderão ser feitos após a concessão da licença, o que não tem prazo para ocorrer. Helena Palmquist, porta-voz do MPF do Pará, disse que a Belo Sun não atendeu a dois pedidos para verificação das comunidades.  Outra solicitação havia sido feita em fevereiro.

— Só o que posso dizer é que todas as permissões para o nosso projeto são feitas no nível estadual, e as aprovações são no nível estadual — afirmou o chefe de operações da Belo Sun, Ian Pritchard.

Projeto teria o dobro do tamanho informado

Os procuradores também questionam se a Belo Sun realmente planeja construir uma mina com o dobro do tamanho inicialmente descrito na avaliação ambiental que entregou às autoridades estaduais. Em um relatório técnico, a Belo Sun menciona reservas minerais de 37,8 milhões de toneladas, enquanto as informações para os investidores no site da empresa citam 88,1 milhões de toneladas.

Para o MPF, esta diferença é “inaceitável”, porque dobrar o tamanho do projeto significaria maior impacto no ambiente, com maiores despejos de resíduos e um maior volume de produtos químicos perigosos. O relatório, citando a avaliação ambiental da empresa, mencionava arsênico, cianeto e chumbo como os principais poluentes que a mina traria.

O executivo da Belo Sun disse que a companhia ainda não determinou o tamanho definitivo da mina. A companhia fez um pré-estudo de viabilidade, mas um trabalho conclusivo não ficará pronto antes do fim do ano.  Pritchard indicou que quaisquer novas estimativas sobre as reservas seriam atualizadas no pedido de licença ambiental.

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Mayron Borges.

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.